Apesar de a dança fazer parte integral da cultura mundial (partindo de um lugar místico, de ritual, onde se dançava pela sobrevivência), esta arte de expressão não é uma prioridade em muitos cantos do mundo, sendo essa lacuna refletida nos orçamentos e nos planos curriculares.

São muitos os estilos de dança que conhecemos, desde a dança contemporânea, à clássica, hip pop, jazz, semba, kizomba, urbana, salsa, entre tantos outros estilos, todos, sem exceção, têm (pelo menos) este pressuposto em comum: viver o momento presente.

Conversei com três pessoas ligadas à dança, uma vez que o meu propósito era fazer-lhe chegar abordagens distintas e, quem sabe, mostrar-lhe que a dança é para todos. Sim, é para todos, pois existe apenas dois pré-requisitos: respirar e viver o momento presente com o que surgir no corpo.

Da Biodanza ao Yoga Dance, passando pelo estilo Clássico e Contemporâneo, os testemunhos são distintos e bastante enriquecedores.

Ao conversar com a Fernanda Cunha, professora de Yoga Dance no Brasil, a mesma partilhou comigo que “a dança é um retorno para quem somos, para a nossa natureza, a natureza que pulsa dentro de nós, é a essência da vida. Dançar é viver, pois o movimento é inerente à vida, e podemos olhar esse movimento interno - as células do corpo, o fluxo sanguíneo, o batimento cardíaco. A dança tem um movimento de luz e a sombra, onde a dança revela tudo o que a mente não é capaz de aceder, ao nível consciente e inconsciente, o amor e a dor que se encontram repousados entre as células, os músculos e os ossos.”

Ao encontro deste sentir também vão as palavras da Catarina Almeida - Facilitadora Didata de Biodanza®, que nos diz que “através da Biodanza há um resgate do corpo, pois existe na nossa sociedade uma relação debilitada com o mesmo. Através do movimento do corpo é possível aceder às nossas capacidades internas, há uma conexão entre o corpo, a mente e as emoções, há um despertar.

A Biodanza promove um lugar protegido, onde não há espaço para o julgamento, todos iniciam e terminam a sessão da mesma forma: de mãos dadas numa roda. Quem se faz presente semanalmente nas aulas de Biodanza sabe que se respeita o lugar, o espaço e o tempo do outro, assim como o grupo faz consigo. Não existem expetativas às quais seja suporto corresponder, pois o convite à transformação, ao movimento, à descoberta, é feito pelo próprio que se sente e usa o seu corpo para deixar fluir o que surge.

A Biodanza explora possibilidades, desperta memórias, manifesta-se através do movimento orgânico e individual. O corpo tem a sua própria inteligência, é apenas necessário dar-lhe oportunidade para comunicar connosco. Existe um lugar incentivador e qualificador, quando o outro nos inspira ou quando inspiramos o outro. É tão simples que nem sequer é preciso saber dançar: o movimento natural responde à música e ao grupo deixando fora da sala os padrões estéticos e a procura pela "resposta certa”. Dança e dançarino estão em presença e de mão dada com a totalidade da própria vida humana.” e numa aula a vida volta a conhecer a harmonia. Catarina Almeida tomou contacto com a Biodanza pela primeira vez em 2010.

Em 2018 vivi o meu primeiro contacto com a biodanza (após uma resistência de 2 anos), onde a Catarina Almeida me guiou com o seu olhar doce e abraço fraterno. Também eu sentia que não era para mim, que seria uma experiência muito invasiva, onde seria observada e julgada…estava cheia de crenças, confesso. Nada do que julguei que iria sentir, senti. Foi muito mais bonito, humano, pessoal e introspetivo. Há um potencial enorme, um convite a olhar para dentro pela via do movimento. Existe uma transformação que nos pede para integrar toda a informação que surge, nutrindo assim o nosso coração.

Partilho esta experiência pois acredito que podem existir mais pessoas como eu em 2018, com muitas crenças que as podem limitar, e gostaria que dessem oportunidade à vossa mente (que está pré-ocupada) de parar e ao corpo de se expressar livremente.

Também o coreógrafo e dançarino Dário Pacheco nos dá a sua visão do que é a dança: dançar é Ser. Ser no sentido verbal, inequivocamente a dança é. A dança é o pensamento e a emoção sem tradução de quem a faz. Em movimento ou parada, a dança localiza-se essencialmente no sentir, esse mato cerrado psicomotor onde realmente acontece.

Dário afirma ser bailarino desde que existe, e, consequentemente, honrando o seu propósito, tornou-se coreógrafo, sendo professor em diversas escolas, atualmente em regime online.

Resumindo, e em jeito de uma nota pessoal, gostaria de ressalvar que dançar pode ser mais libertador do que se julga, não precisamos de ter o corpo atlético, escultural, de ter uma altura mínima ou máxima como pré-requisito obrigatório, não é necessário cumprir a regra e esquadro uma coreografia, pois o movimento pode ser livre se for orgânico, uma vez mais, a aprendizagem surge de dentro. Vamos confiar na nossa natureza, na inteligência do nosso corpo.

Dependerá do estilo que escolhermos dançar? Naturalmente que sim! Contudo ninguém é indiferente à vibração de um som, e se o som que ouvimos nos impele a um movimento corporal então que nos sintamos livres de dançar ao nosso ritmo, na frequência do que faz feliz o nosso coração.

A título de curiosidade partilho que está previsto a Fernanda Cunha facilitar alguns workshops de yoga dance em Portugal, entre setembro e outubro, veja a agenda se ficou curioso.

A Facilitadora Didata de Biodanza® - Catarina Almeida conduz sessões de Biodanza com frequência semanal, e, apesar da interrupção devido ao momento de recolhimento colectivo, a prática será retomada assim que oportuno, sigam o seu blog e fiquem a saber quando.

Deixo as seguintes sugestões:

Livro: ‘Escuta o teu corpo’, Lise Borbeau

Música: ‘To build a home’, The Cinematic Orchestra

Quando todos precisamos de apoio emocional, pedir ajuda é um acto de coragem. Através do seu lugar vulnerável o ser humano consegue evoluir. Não hesite em contactar-me se pretender olhar para os seus desafios através do coração: soraiasequeira.heartcoach@gmail.com