Os “queijeiros” enchem um pequeno copo com sal que despejam para o interior de um cincho, um molde circular. Apertam, assim, o sal e retiram o cincho. O resultado é um “queijo” de sal que será ainda cozido em forno de lenha. Esta é uma forma de conservar por muito tempo o produto. Para utilizar posteriormente, basta raspar com uma faca para se libertarem pedrinhas de sal.

As salinas de Rio Maior são as únicas no interior do país, beneficiando de uma singularidade deste território. Aqui é possível recolher sal devido a uma jazida de sal-gema localizada no âmago da vasta Serra de Candeeiros.

A montanha, de natureza calcária, tem muitas falhas nas paredes rochosas que permitem a infiltração da água das chuvas. Formam-se assim cursos de água que serpenteiam no interior da terra. Um desses “riachos” atravessa uma profunda jazida de sal-gema. Esta alimenta o poço que se encontra no centro das salinas e de onde se extrai água sete vezes mais salgada que a do mar.

Rio Maior: Na estremenha Serra dos Candeeiros o sal não se extrai do mar
No total, nas salinas de Rio Maior há 470 talhos onde se produzem anualmente duas mil toneladas de sal.

A jazida é extensa, ocupando quase toda a estremadura portuguesa, desde Leiria a Torres Vedras, duas localidades que distam, aproximadamente, cem quilómetros. Os primeiros registos do aproveitamento de sal-gema datam de 1177, época em que a água seria retirada do poço através de duas picotas, um engenho rudimentar para extrair líquido a raziáveis profundidades. Um método que exigia um grande esforço da parte dos salineiros. Não obstante as provas documentais, estima-se que o sal fosse aqui explorado muito anteriormente, desde a ocupação Árabe da Península Ibérica, dos séculos VIII a XII.

Atualmente, a tecnologia coopera com os trabalhadores das salinas. Uma bomba capta a água e a distribui pelos tanques construídos à superfície. No total são oitos tanques, que comunicam entre si, com uma capacidade para um milhão de litros de água.

Tanques que, localmente, também se designam “concentradores”. Aqui a água sofre uma primeira evaporação para depois voltar à pia de distribuição localizada junto ao poço. Daqui segue, por fim, para os talhos dos salineiros, através de sete regueiras. Sol e vento tratam, depois, de replicar o milagre do sal.

No total, nas salinas de Rio Maior há 470 talhos onde se produzem anualmente duas mil toneladas de sal. Saiba o leitor que um litro de água origina 220 gramas de sal, com 97% de cloreto de sódio.

Texto: Sara Pelicano

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