Na semana que antecedeu o seu funeral espetacular, o Reino Unido foi tomado por uma tristeza popular sem precedentes que abalou uma monarquia vista por alguns como indiferente.

Segue-se um resumo dessa semana:

Acidente a alta velocidade

Divorciada há um ano do herdeiro do trono, o príncipe Carlos, Diana e o seu novo companheiro, o rico empresário egípcio Dodi Fayed, são assediados pela imprensa durante as suas férias de verão no Mediterrâneo.

Chegam a Paris na tarde de 30 de agosto e jantam naquela noite no hotel Ritz, de propriedade de Mohamed al Fayed, pai do amante de Lady Di.

Eles tentam sair discretamente num Mercedes pela porta dos fundos logo após a meia-noite. Perseguido por paparazzi em motocicletas, o carro bate em alta velocidade contra uma coluna numa passagem subterrânea perto da Pont de l'Alma, na margem norte do rio Sena, em frente à Torre Eiffel.

Fayed e o seu motorista, que tinha uma grande taxa de álcool no sangue, morrem instantaneamente.

O seu guarda-costas fica gravemente ferido. Os socorristas conseguem tirar Diana do Mercedes retorcido.

Sete fotógrafos são presos. As imagens do acidente são oferecidas por fortunas aos jornais.

Diana é transferida para o hospital Pitie-Salpetriere onde, após duas horas de cirurgias, morre às 04:00 devido a graves ferimentos no tórax. A família real é oficialmente informada.

A rainha Isabel II, o seu marido, o príncipe Philip, o príncipe Carlos e os seus dois filhos, William (15) e Harry (12), estavam a passar o verão em Balmoral, a residência de férias da monarca na Escócia.

"A princesa do povo"

O Reino Unido acorda de luto. Londrinos aos prantos começam a colocar flores em frente ao Palácio de Buckingham e ao Palácio de Kensington, a residência da princesa.

Tony Blair, o novo primeiro-ministro trabalhista, presta uma comovente homenagem à "princesa do povo".

A família real, como de costume, assiste à missa no domingo de manhã. O nome de Diana não é mencionado durante o culto por medo de perturbar os seus filhos.

A família discute como tratar Diana no período após a sua morte, já que ela não é mais membro da família real.

Carlos insiste em usar o avião real para ir buscar o corpo pessoalmente, contrariando o desejo inicial da rainha Isabel II.

A imprensa é a primeira acusada. O irmão de Diana, o conde Charles Spencer, diz que os jornais têm sangue nas mãos.

Tensos, os tablóides britânicos tentam minimizar os estragos nos dias seguintes, mostrando adoração por Diana e desviando a atenção para a monarquia.

"Ela nasceu uma dama. Ela tornou-se a nossa princesa. Ela morreu como santa", escreveu o Daily Mirror.

Fervor popular

O fervor popular cresce. Os fãs esperam até onze horas para assinar o livro de condolências.

A organização do funeral é complicada. Desde o seu divórcio, Diana não era mais tratada como "alteza real" e não tinha direito a um funeral de Estado, embora ainda mantivesse o título de princesa.

No entanto, os britânicos exigiram uma homenagem digna da Queen of the Heart ("rainha do coração").

Silêncio real

A desolação é agravada pelo silêncio da Casa Real, que permanece isolada em terras escocesas.

Os jornais expressam indignação porque a bandeira britânica não está hasteada a meio mastro no Palácio de Buckingham e pedem que a rainha regresse a Londres para resolver estas questões.

O The Sun pergunta: "Onde está a nossa rainha? Onde está a nossa bandeira?" Segundo o jornal, a ausência da bandeira é "um insulto cruel à memória de Diana".

Finalmente, a família real deixa Balmoral.

A rainha e o príncipe Philip são aplaudidos quando visitam as flores colocadas do lado de fora do Palácio de Buckingham. Isso é um grande alívio nos círculos reais.

Isabel presta homenagem à ex-nora num discurso ao vivo transmitido na televisão no dia 5 de setembro.

"Se eles (a família real) não prestarem atenção ao ferimento dela, não só enterrarão Diana no sábado, mas também o seu futuro", alerta o jornal The Guardian, enquanto um quarto dos britânicos pede a abolição da monarquia numa pesquisa.

Silêncio no cortejo

No dia seguinte, quase um milhão de pessoas reúnem-se nas ruas para assistir ao cortejo fúnebre num profundo silêncio, quebrado apenas por soluços, lágrimas e toques de sinos.

Enquanto a procissão passa pelo Palácio de Buckingham, a rainha Isabel inclina a cabeça.

Na residência real, a bandeira britânica é hasteada a meio mastro durante o funeral, seguido por 2,5 mil milhões de espectadores em todo o mundo.

De cabeça baixa, os príncipes William e Harry caminham atrás do caixão, acompanhados por Carlos, Philip e Charles Spencer.

Na Abadia de Westminster, a cerimónia reúne 2.000 convidados, incluindo Tony Blair, a primeira-dama americana Hillary Clinton, o tenor Luciano Pavarotti, a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher e o ator Tom Cruise.

Elton John adapta a sua música "Candle in the wind" com passagens que homenageiam Diana.

À tarde, o caixão é levado para Althorp, onde fica a casa da família de Diana.

Ao longo do caminho, as pessoas fazem fila nas estradas e atiram flores no carro funerário, algo realmente incomum no Reino Unido.

A princesa é discretamente enterrada numa pequena ilha, situada num lago na propriedade da família.