"Força, foco e fé", são as palavras-chave de Boy Teddy, que tem vindo a vingar uma carreira no mundo da música.

Natural de Maputo, o cantor não podia estar mais satisfeito com o que tem vindo a conquistar, mas não deixa de ter a ambição de conseguir alcançar os sonhos que faltam concretizar.

"Continuem a lutar pelos vossos sonhos, a fazer por merecer, a ser bons. Amem uns aos outros porque a vida é mesmo isto, amor", afirmou.

Com temas que atingiram grande sucesso e que hoje continuam a ser os favoritos dos fãs, 'Number One' e 'Já Decidi', o artista deu a conhecer recentemente uma nova música. E foi sobre esta canção que começou a conversa com o Notícias ao Minuto.

Uma entrevista em que recorda ainda o início do seu percurso e partilha também alguns dos desejos para o futuro.

Acaba de lançar um novo tema, ‘Baza’, uma história verídica que ouviu numa conversa com amigos. Os momentos da vida são a sua inspiração?

Sim. Algumas conversas, as coisas que acontecem no dia a dia, tudo serve como inspiração e aproveitamos o que podemos para compor e criar.

Já tive muitas grandes perdas na vida. São perdas que geralmente nos fazem crescer, nos ensinam, nos dão lições de vida e fazemos disso uma aprendizagemJá referiu que nesta música a “moral é: trata bem da pessoa que está contigo sempre, cuida bem da pessoa que está contigo, para não ter de a perder um dia”. Já teve alguma grande perda na sua vida?

Como tenho dito, a moral da história é mesmo essa: para tratarmos bem a pessoa que temos que é para não a perder um dia. E sim, já tive muitas grandes perdas na vida. São perdas que geralmente nos fazem crescer, nos ensinam, nos dão lições de vida e fazemos disso uma aprendizagem. O mais importante nisto tudo é ter memórias boas, lembranças boas, ter a consciência limpa de que fizemos a nossa parte.

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O amor está muito presente nas suas músicas… Falar de amor é fácil?

99% daquilo que escrevo é baseado em histórias de amor. Falar de amor é fácil para mim porque cresci na base do amor. O amor cristão primeiro, porque cresci na igreja, na religião, e a base da religião é mesmo essa: amar o próximo como te amas a ti mesmo, amar os teus pais, os teus irmãos, os teus familiares, amar as pessoas sem esperar nada em troca… Para mim é fácil falar de amor porque vivo isto, vivo amor. Todos os dias da vida são dias de amor.

Sente que este é um tema muito presente na vida das pessoas e que facilmente as leva a identificar-se com determinada música?

Tenho visto que as pessoas se têm identificado muito com a música ‘Baza’ e isto talvez pelo facto de ser uma história do dia a dia, é uma história que as pessoas vivem várias vezes. Ouves a música e remete para uma realidade vivenciada por ti, é uma história que grande parte das pessoas já passou.

As minhas maiores paixões são as minhas filhas. São elas que me fazem acordar todos os dias e ir à luta, que me fazem ir atrás das conquistas, dos meus sonhosÉ um homem de muitas paixões? Quem são as suas maiores paixões?

Já fui mais na adolescência, quando era mais jovem. Já tive muitas paixões, mas neste momento as minhas maiores paixões são as minhas filhas. São elas que me fazem acordar todos os dias e ir à luta, que me fazem ir atrás das conquistas, dos meus sonhos porque sei que vai valer a pena para elas um dia. As minhas filhas, a minha mãe, o meu irmão, são as pessoas que tenho mais próximo, a minha família.

Já veio várias vezes a Portugal… É bem recebido pelos portugueses? É muito reconhecido na rua?

Já venho a Portugal desde 2014. Já perdi a conta de quantas vezes vim aqui. Graças a Deus tenho sido sempre bem recebido pelos portugueses. Nos espetáculos cantam comigo, dançam comigo… O que é muito bom e agradeço muito. Na rua às vezes sou muito conhecido, mais na zona do Porto, onde vivo e onde realizo mais espetáculos. As pessoas reconhecem-me no shopping... Agradeço muito todo o carinho dos portugueses e o suporte que eles têm dado na minha carreira.

Nasceu em Maputo e cresceu com a sua mãe… Ela é a sua guerreira?

É a minha guerreira! Fui criado pela minha falecida bisavó, chamava-se Angelina, que é, por coincidência, o mesmo nome da minha mãe e da minha filha mais nova. Estas figuras representam símbolos de vitória, de guerreiras, de firmeza. São pessoas com quem cresci e que me ensinaram quase tudo o que sou e devo muito a estas pessoas, à minha bisavó, à minha avó e à minha mãe. São as minhas figuras de exemplo e agradeço tudo o que fizeram por mim e que continuam a fazer. Se não fosse por elas, se calhar não era aquilo que me tornei hoje. Muito obrigado avó, mãe e bisavó.

Quando era pequeno fez parte do coro da igreja que frequentava na altura e foi nesse ambiente que foi descoberto por um produtor. Antes de ser convidado para gravar uma música, já sentia que a sua voz se destacava no grupo? Recebia muitos elogios dos restantes elementos do coro?

Comecei a cantar no coro da igreja e, felizmente, já me destacava desde o primeiro dia em que lá fui. Já me colocavam em lugares de destaque, como a voz principal do coro e passei para maestro do coral. Criei o meu próprio grupo em Moçambique. Foi um grupo que ganhou prémios a nível nacional de gospel, Grupo Revelação de Gospel, Melhor Voz de Gospel... Desde criança que já tinha este destaque mas nunca pensei que me tornasse no artista mais visto em Moçambique a nível de visualizações no YouTube. Estar no top três das músicas mais vistas em Moçambique nunca pensei. Mas desde criança que tive o suporte dos meus irmãos da igreja, dos meus colegas do coro, a quem devo muito também.

Continuo a brincar a dizer que ‘Já Decidi’ e a ‘Number One’ são lendas, são músicas que não vão morrer, não vão passar de prazo porque têm ali qualquer ingrediente que faz com que continuem a ser um sucesso

Gravou depois a primeira música, ‘Number One’, que o levou logo ao sucesso. Como lidou com o ‘bichinho’ da fama ‘repentina’?

Nunca imaginei uma carreira a solo e quando isto aconteceu, de maneira repentina, a minha ascensão do gospel para a música comercial, e de Moçambique para Portugal, foi mais ou menos em seis meses, o que não é normal. Não foi fácil lidar com isto porque é uma realidade à qual não estava habituado, mas com o suporte dos meus agentes foi fácil aprender a viver neste mundo, a ser artista. A conciliar o ser artista com o ser o Teddy. Foi um bocadinho a ajuda da agência e da família que me fez consegui atinar, estar ali sempre no equilíbrio. Não foi fácil, mas com esta ajuda conseguimos chegar lá.

Outro tema de sucesso foi a música ‘Já Decidi’, esta lançada em 2015. Estes continuam a ser os temas que marcam os seus concertos?

São as músicas que mais pedem nos espetáculos, são as músicas que mais cantam, que as pessoas mais vibram. Trazem boas lembranças ao público para que tenho cantado. Quando as ouvem remetem para memórias do passado, para coisas que já viveram e é uma nostalgia qualquer e as pessoas vibram mesmo e cantam. Continuo a brincar a dizer que ‘Já Decidi’ e a ‘Number One’ são lendas, são músicas que não vão morrer, não vão passar de prazo porque têm ali qualquer ingrediente que faz com que continuem a ser um sucesso, que continuam a tocar com muita força. São músicas que me fizeram e que continuam a manter-me como artista. Agradeço a Deus por ter tido esta oportunidade e conseguir escrever isto.

Gostava de abrir uma escola de apoio em Moçambique para as crianças necessitadas e que não têm condições para frequentar escolas alternativas Quem são as suas maiores referências no mundo da música?

Tenho referências da música gospel, Joyous Celebration é um grupo que gosto muito de ouvir, Jonathan Butler, Mr. Bow, de Moçambique, Humberto Luis, também de Moçambique, o Anselmo Ralph de Angola, também ouço Chris Brown, ouço jazz… Não tenho uma coisa definida. Desde que seja boa música, é boa para ouvir.

O que gostava de concretizar nos próximos dez anos?

Vou estar já velhinho e de cabelo branco… [risos]. Mas gostava que a minha carreira estivesse firme e mais composta. Fazer concertos maiores. Gostava de ter as minhas filhas a estudar, que fizessem algum curso extra de algo que elas gostassem… Gostava de ver a minha mãe e a minha avó bem de vida e felizes.

Gostava de abrir uma escola de apoio em Moçambique para as crianças necessitadas e que não têm condições para frequentar escolas alternativas - não falo de escolas públicas- , onde se ensinasse música, literatura, poesia, desporto. Uma escola que ajudasse as crianças a não estarem num mundo como ele é, a não estarem expostas às tentações que o mundo tem, principalmente em Moçambique e nos bairros urbanos, de onde venho, que tivessem uma oportunidade melhor de estudarem e terem hobbies como cantar, aprender a tocar, ler, escrever, jogar à bola, basquetebol… Coisas que pudessem garantir algum futuro melhor ou diferente daquele que possam ter nas zonas onde estão.

E, acima de tudo, ser uma pessoa feliz, realizada. Espero que Deus ouça estas palavras e que torne isto possível.