Nasceu Anna Mae Bullock em Nutbush, no Tennessee, nos EUA, a 26 de novembro de 1939, mas foi como Tina Turner, depois de se envolver com o cantor Ike Turner, que ficaria conhecida. Vítima de abusos e maus tratos, fugiu do marido em 1976, mas nunca abdicou do apelido. "Eu não tive grande vontade de mudar de nome mas o Ike insistiu muito e eu era demasiado nova para compreender do que é que estava a abdicar", lamenta hoje a cantora.

"Nessa altura, passei a ser propriedade do Ike. Por isso, é que foi tão importante para mim manter o nome depois de o deixar", admite Tina Turner, que atualmente reside nos arredores de Zurique, na Suíça, em entrevista ao jornal suíço Blick. A violência do marido deixou-lhe muitas marcas. As físicas desapareceram mais depressa do que as psicológicas. "Naquela altura, ninguém falava de violência doméstica, mas eu lidava diariamente com ela", desabafa.

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Aos 80 anos, é, finalmente, uma mulher feliz. "A idade é apenas um número. Quando tinha 40 [anos], não me sentia muito diferente de como me sinto agora. Aos 73, fui capa da edição alemã da [revista] Vogue. E, quando tiver 83, se me convidarem, quem sabe se não o poderei ser outra vez", refere a artista, que o ano passado foi submetida a um transplante de rim. O dador foi o marido, Erwin Bach, um executivo alemão, 16 anos mais novo, que conheceu numa festa em Londres em 1985, com quem casou em 2013, após 27 anos de namoro.

"Sempre tive uma saúde de ferro. Por isso, foi uma surpresa para mim descobrir que sofria de hipertensão e uma surpresa ainda maior quando me disseram que tinha problemas de saúde graves, incluindo um cancro e falência renal", recorda a intérprete de êxitos como "The best" e "Typical male". Para assinalar o octagésimo aniversário, decidiu lançar "That's my life – The Tina Turner birthday collectible", um presente para os milhões de fãs que ainda tem.

À venda por 2.450 €, inclui fotografias, ilustrações e cartas, assinadas por nomes como Peter Lindbergh, Annie Leibovitz, Herb Ritts, Andy Warhol, Christian Louboutin, Beyoncé, Giorgio Armani, Bryan Adams e Mick Jagger, além de um anel de ouro desenhado pela própria cantora. Nalgumas das imagens, surge com os vestidos curtos e com os sapatos de salto alto que se transformaram na sua imagem de marca. "Não tenho saudades nenhumas [deles]", garante.

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"Esse é um dos maiores enganos que existem acerca da minha pessoa. Muita gente acha que eu também sou a Tina sexy em privado mas eu não sou nada como me viam em palco. Os sapatos de salto alto são giros mas eu prefiro sapatos rasos. Nos dias que correm, preocupo-me muito mais com o meu conforto", assegura Tina Turner. Apesar de ser muito elogiada pelas pernas elegantes que exibia em palco e nos sensuais vídeos, garante que nunca foi de frequentar ginásios nem de fazer desporto. "Experimentem fazer dois concertos por dia durante 50 anos... É mais do que suficiente!", desabafa ainda a cantora norte-americana. Ainda assim, apesar de muitos lhe terem elogiado essa parte do corpo ao longo da carreira, continua a ser surpreendida.

"Fico muito admirada quando as pessoas me dizem que admiram as minhas pernas. Sempre as achei muito longas e finas, como as dos póneis", critica. Apesar de não achar que tem uma voz bonita, considera-a pujante. "Tem poder e emoção", reconhece. Se não tivesse sido cantora, teria sido designer de interiores. "Eu é que decorei as minhas casas todas", revela. "Tenho de me controlar para não andar sempre a mudar a decoração. Mas é-me muito difícil", admite.