Esta sexta-feira, dia 8, Manuel Luís Goucha esteve à conversa com a ministra da Cultura, Graça Fonseca, que falou do trabalho que tem vindo a desenvolver ao longo da pandemia, situação que levou a que o setor das artes fosse profundamente prejudicado.

Na visão da ministra, o orçamento disponibilizado para a cultura "será sempre insuficiente", uma vez que as necessidades são muito grandes. Neste sentido, considerou que é cada vez mais essencial que haja uma ligação entre a cultura e a economia, de forma a que soluções transversais sejam imaginadas em conjunto.

"Vai ser um verão muito atípico. Não vamos ter muito turismo externo, para não dizer que não vamos ter praticamente nenhum. Temos de reinventar a programação cultural em todo o país, porque é fundamental para a normalidade da vida das pessoas. É isso que nos dá confiança para voltarmos a sair", notou, fazendo ainda saber que se certificará que todos os habitantes do país terão acesso a atividades culturais.

"A cultura é um motor fundamental para a economia, para a coesão territorial e para o bem-estar de cada um de nós", defendeu, também sublinhando que foi possível sentir o seu real valor durante o tempo de isolamento em que as famílias permaneceram em casa.

"Ao longo destes últimos dois meses tive uma batalha com três frentes. A primeira frente foi garantir, sempre, quem em todas as medidas aprovadas pela área da Segurança Social, da Economia, das Finanças, tivessem sempre normas flexíveis para que todos os artistas, técnicos, trabalhadores independentes desta área estivessem sempre abrangidos. Foi uma batalha conseguida. Os apoios sociais são elegíveis a pessoas que descontaram três meses, ou seis meses interpolados, e esta semana em Conselho de Ministros foi alargado para quem não tenha feito descontos ao longo dos últimos 12 meses", destacou ainda.

"Do lado da economia, em tudo o que são linhas de apoio batalhamos para que as cooperativas e as associações fossem elegíveis, porque estes setores da cultura têm uma dimensão de instabilidade e precariedade (...) A segunda é que durante este tempo existissem algumas medidas de emergência", afirmou, dando conta de que as soluções irão ser conseguidas com base no diálogo que faz questão em manter.

Quanto aos festivais de música, Graça Fonseca reconheceu que em relação aos de grande dimensão (sem lugares marcados) não há condições para que sejam realizados no verão, contudo, o mesmo poderá não acontecer em relação às festas e romarias. "Foi determinado que iriam ser definidas condições entre a Cultura e a DGS de quais são os que poderão ser realizados", garantiu, referindo que irão ser definidas as regras para que a partir de junho possam acontecer eventos culturais, quer dentro de auditórios, quer ao ar livre, sendo que estes últimos serão privilegiados.

Depois de Manuel Luís Goucha ter evidenciado o trabalho de certos artistas, que atuaram nas suas varandas ou redes sociais gratuitamente, a ministra considerou que essa não era uma situação adequada. "Não pode ser gratuitamente, temos de terminar com isso. Não há nenhuma razão para que o trabalho dos artistas não seja remunerado", sublinhou, dando conta da necessidade de se "trabalhar em conjunto" e que os artistas sejam sempre pagos atuando virtualmente, ou não.

Por fim, e tendo a consciência que a Cultura está presente em todo o país, desde os centros urbanos até às aldeias, Graça Fonseca informou que irá fazer um roteiro: "Quero acompanhar presencialmente a reabertura progressiva da cultura", completou.

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