Onze mulheres acusaram hoje o tenor espanhol Plácido Domingo de abuso sexual e conduta indevida durante produções de ópera, noticiou hoje a agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP).

Entre o novo grupo de mulheres que denunciaram práticas impróprias à AP está Angela Turner Wilson, que trabalhou com Domingo quando este dirigia a Ópera de Washington, na ópera "Le Cid" da temporada 1999/2000.

Segundo a artista, a segunda a aceitar ser nomeada, após Patricia Wulf, o tenor espanhol entrou no seu camarim antes de uma atuação e tocou-a de forma imprópria, o que a fez sentir-se "humilhada".

Wilson é a única mulher identificada entre as 11 que se juntam ao grupo inicial que denunciou os comportamentos de Domingo à AP, com a outra dezena a relatar "apalpões indesejados, pedidos persistentes de reuniões privadas, telefonemas noturnos e tentativas repentinas de beijos nos lábios".

À nova denúncia juntam-se vários empregados dos bastidores, que explicaram que existia um esforço para proteger as jovens cantoras de Domingo, evitando que ficassem sozinhas em algum espaço com o tenor.

Em agosto, as denúncias de oito cantoras e uma bailarina, de assédio sexual por parte do cantor de 78 anos, ao longo de mais de três décadas, abriram uma investigação por parte da Ópera de Los Angeles, onde Plácido Domingo é diretor-geral.

A investigação inicial da AP, em agosto, contava com quase 50 pessoas entrevistadas que confirmavam comportamentos impróprios.

Desde a publicação da investigação, a Orquestra de Filadélfia e a Ópera de São Francisco anunciaram os cancelamentos das atuações programadas de Domingo, enquanto outros assumem acompanhar o caso, como o comité organizativo dos Jogos Olímpicos de Tóquio2020.

Por seu lado, o Festival de Salzburgo, na Áustria, decidiu manter os concertos previstos, ao lado de outros eventos e entidades.

Seis outras mulheres relataram à AP avanços que lhes causaram desconforto, em particular uma cantora que Plácido Domingo repetidamente convidou para sair, depois de a ter contratado para uma série de concertos na década de 1990.

Adicionalmente, quase 30 outras pessoas ligadas à indústria musical, desde cantoras a músicos de orquestra, passando por professores de canto e administradores, confirmaram ter testemunhado comportamentos impróprios de índole sexual por parte do cantor.

Das nove pessoas que o acusam, apenas a meio soprano Patricia Wulf aceitou divulgar o seu nome, tendo as restantes pedido anonimato por temer represálias profissionais e pessoais.

Sete das nove mulheres disseram acreditar que as carreiras sofreram por terem rejeitado os avanços sexuais de Plácido Domingo.

Contactado pela AP, Placido Domingo não respondeu às questões específicas sobre as acusações, declarando que "as alegações destas pessoas, cujo nome não é divulgado e que remontam até há 30 anos, são profundamente perturbadoras e - da forma como são apresentadas - imprecisas".

"Ainda assim, é doloroso ouvir que posso ter incomodado alguém ou causado desconforto, não importa há quanto tempo e apesar das minhas melhores intenções. Acreditei que todas as minhas interações e relações foram sempre bem-vindas e consensuais. Quem me conhece ou trabalhou comigo sabe que não sou alguém que intencionalmente magoasse, ofendesse ou embaraçasse outra pessoa", acrescentou o cantor, que diz que "as regras e padrões" de hoje são "muito diferentes do que foram no passado".

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