Conhecemos a sua veia camaleónica, as mudanças de visual, os seus múltiplos talentos, desde a representação à música, passando pela moda. Mas o que verdadeiramente define a essência da atriz? Em entrevista à Prevenir, Inês Castel-Branco fala da vida, da carreira e dos cuidados que procura ter no dia a dia para conseguir uma vida melhor. «Tenho sempre planos a curto prazo», assegura.

É a vilã da telenovela «Amor Maior», transmitida pela SIC, mas na vida real sabemos que é bem-disposta e que vive rodeada de amigos... Não é assim?

É verdade, não só gosto de rir como adoro pessoas que me façam rir. É muito importante para mim ter uma rede próxima de amigos em que me posso apoiar e vice-versa. Não consigo equacionar a minha vida sem eles.

E o amor, que influência tem na sua vida?

Eu acho que viver sem amor é uma seca. [risos] Já vivi muitas histórias de amor bonitas e considero-me uma sortuda por isso. Mas, hoje em dia, o amor que me preenche é o do meu filho, que é incrível e que faz tudo o resto valer a pena.

O que a faz soltar uma gargalhada?

As tiradas do meu filho, um bom ator de comédia, alguns programas americanos de late night, como o do Jimmy Fallon. No meu trabalho enquanto atriz, os papéis cómicos trazem-me muita felicidade, passo o dia com um bom astral. Mas tenho fases, como todas as pessoas. Por exemplo, há alturas em que não tenho autoestima e há outras em que a tenho lá em cima.

Como contraria essas fases em que se sente menos confiante?

Eu acho que é muito importante rodearmo-nos de pessoas que nos querem bem e que não têm pudor em falar das nossas qualidades. Além disso, fazer desporto também ajuda, não só porque se produz mais a hormona da felicidade, o que está comprovado, mas acima de tudo porque, no meu caso, me dá imensa motivação.

Quando um treino é difícil e eu consigo concluí-lo, fico a sentir-me mais forte e, se alcançar o físico que desejo ter, a minha relação com o corpo melhora e a minha autoestima também.

A prática de exercício físico acompanha-a desde sempre?

O desporto sempre foi importante para mim, não só porque sempre fui muito maria-rapaz, mas também porque havia uma maior ligação com o meu pai nesses momentos, que também puxava pelo meu lado mais competitivo, que hoje é bem conhecido da minha personalidade. [risos]

Em adulta, deixei o desporto um pouco de lado, mas de há três anos para cá, comecei a treinar com um personal trainer três vezes por semana. Há seis meses tive de parar por causa das gravações da novela e, por isso, já não tenho o corpo tão definido. Mas dizem que o nosso corpo tem memória. Portanto, quando voltar a treinar, chego mais depressa aos mesmos resultados.

O que faz para combater o stresse do dia a dia?

Hoje em dia, é raríssimo ficar ansiosa. Até porque a vida adulta é uma seca. [risos] Posso sentir alguma ansiedade quando inicio um projeto, que é quando me confronto com as minhas limitações e com os meus medos, mas acabo sempre por ultrapassar essa ansiedade.

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É verdade que em tempos recorreu à psicanálise? O que aprendeu sobre si com esta terapia?

Não é vergonha nenhuma fazer psicanálise. O facto de podermos falar com uma pessoa que é totalmente imparcial de tudo o que se está a passar na nossa vida e de nos ouvirmos a nós próprios a verbalizar para um desconhecido os nossos problemas ajuda sempre. Essencialmente, o que aprendi com a psicanálise foi a capacidade de não ter medo de dizer o que sinto nem ter vergonha de o dizer.

É mais de viver o dia a dia ou de fazer planos a longo prazo?

Prefiro viver o dia a dia. Os planos a longo prazo correm-me sempre mal… [risos] Depois, fico desiludida porque tinha um plano e não me correu bem. Mas tenho sempre planos a curto prazo. São importantes para ter objetivos que alimentem a vida diária.

Texto: Catarina Caldeira Baguinho com Carlos Ramos (fotografia)