Mariza foi este sábado, dia 28, a grande convidada do programa 'Conta-me'. A fadista abriu o coração e falou sobre o lado mais privado da sua vida em entrevista a Manuel Luís Goucha.

A gravidez difícil e os problemas de saúde do filho

Mariza viveu uma gravidez com algumas complicações, levando a que fosse internada muito antes do bebé nascer devido à falta de liquido amniótico.

Já depois de o pequeno Martim, de nove anos, nascer, continuaram as complicações. "Não vou dizer que foi um processo fácil", confessa a fadista, que viu o seu bebé ser operado ao coração, ligado a uma máquina de respiração artificial e teve ainda de o levar para casa entubado para receber oxigénio.

"Acordava de duas em duas horas e ia com um espelho ver se ele estava a respirar", conta, recordando que decidiu quando o menino tinha quase um ano, "sem falar com médico nenhum", tirar a botija de oxigénio a Martim. Uma decisão mais tarde validada pelos médicos.

Ultrapassados os momentos mais delicados, Mariza assume que se tornou "uma mãe mais temerosa".

"Quer queiram quer não, eu sou mestiça"

Filha de pais retornados de África e mãe negra, a cantora não esconde que cresceu com o preconceito. "Não vou mentir, senti preconceito. Era uma coisa que fazia parte dos nossos dias", diz, assegurando, contudo, que com o passar dos anos a sua mãe acabou por conquistar o respeito do povo da Mouraria - bairro onde Mariza cresceu.

"Quer queiram quer não, eu sou mestiça, mas o tom de pele não faz as pessoas", defende.

Ainda sobre os pais, Mariza, que se considera uma mulher "bruta e seca", aproveitou a ocasião para deixar as emoções falarem mais alto e realçar tudo o que estes fizeram para que fosse a pessoa que hoje é... apesar das muitas dificuldades pelas quais a família passou.

"Os meus pais perderam tudo. Nunca passei umas férias com os meus pais. Os meus pais trabalhavam de sol a sol e eu ajudava", recorda, dando conta de que assim que conseguiu ter uma vida confortável passou a dar aos pais tudo o que estes nunca tiveram. Levou-os a viajar a vários países e depois de o filho nascer comprou-lhes um apartamento.

Porém, o seu sucesso não foi imediato. "Ao princípio, eu quase que pagava para ir cantar". Já a dar cartas como fadista, a primeira coisa que comprou foi uma casa e só depois, quando começou a sentir alguma segurança, passou a fazer as suas loucuras.

Admite que comprou carteiras, roupas e sapatos caros, mas é com toda a convicção que diz: "Estou a borrifar-me para os outros. Eu compro para mim... eu já andei com sapatos rotos em baixo".

O divórcio sobre o qual nunca falou

Em 2018, Mariza lançou o tema 'Oração'. Uma canção emotiva, escrita por si numa fase particularmente delicada da sua vida: o período em que se separou do pai do seu filho, António Ferreira.

"Estava extremamente perdida porque eu venho de uma educação africana onde os divórcios não existem, mas eu achava que não fazia sentido continuar com numa relação onde não as pessoas, não é que não se gostassem, mas que tinha ambições e sentidos de vida opostos", conta, revelando que nunca tinha falado antes sobre o tema.

"Uma separação é sempre dolorosa e custosa, e nós mulheres perguntamo-nos sempre onde é que errámos, como é que errámos", continua, explicando que foi a primeira pessoa da sua família a divorciar-se e que teve por isso de lidar com as críticas.

"Eu disse à minha avó, eu não te vou envergonhar porque eu vivo em Portugal", lembra.

Apesar das dificuldades que sentiu, Mariza encontrou no filho a força que precisava e é hoje uma mulher feliz e realizada. Questionada por Goucha sobre "quem é a Mariza?", a resposta foi clara: "É a mãe do Martim".

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