Heloísa Perissé, por muitos lembrada como a Monalisa da novela 'Avenida Brasil', está em Portugal com a peça 'Faz-me Rir'. A percorrer o país com o monólogo que pretende abordar temas profundos com leveza nesta fase pós-pandemia, a atriz brasileira tem aproveitado para desfrutar das maravilhas portuguesas.

Apaixonada pelo nosso país, não descarta a hipótese de se mudar para cá, como confidenciou nesta conversa com o Fama Ao Minuto.

O público continua a lembrá-la como a Monalisa da 'Avenida Brasil'. Gosta de continuar a ser recordada por esse papel?

Sim, o público ainda se lembra muito de mim como a Monalisa, eu fico muito feliz porque foi um papel muito importante na minha vida. Foi uma novela onde as pessoas, em várias partes do mundo, viveram intensamente. Fico muito feliz de continuar a ser reconhecida como a Monalisa, uma personagem tão forte, tão animada, tão cheia de amor e de boas mensagens.

Sente do público português carinho por essa personagem?

Sinto muito carinho do povo português pela Monalisa. Inclusive, aconteceu um facto hilariante: Estava na Argentina, em Buenos Aires, quando de repente um casal me perguntou se podia tirar uma fotografia comigo, eu perguntei se eram portugueses e eles disseram: 'Sim, somos. Nós em Portugal amamos a Monalisa'. Então, na Argentina, fui abordada por um casal português por causa da Monalisa, isso foi inesquecível na minha vida.

A experiência tem sido maravilhosa, já me estou a despedir de Lisboa, mas ainda tenho um trajeto por Portugal e que eu tenho a certeza que vai ser tão maravilhoso quanto está a ser na capital

A par dessa personagem, tem-se destacado pelo registo cómico. Em que é que esta comédia, ‘Faz-me Rir’, foi um desafio?

Na verdade, muita gente me tem falado que eu deveria completar o título da peça, deveria ser 'Faz-me Rir e pensar' porque o subtexto de todo o humor é bastante profundo. O 'Faz-me Rir' é a junção de muitos assuntos de muitas coisas que eu sempre quis falar. O desafio foi justamente esse, falares de coisas sérias de uma forma leve e engraçada.

Onde se inspirou para criar este monólogo?

Eu já tinha muito desejo de fazer uma peça que parecesse uma palestra motivacional, com essa personagem que eu já tinha criado há muitos anos, que é a Tia Doro. Esta personagem é só amor e quando surgiu a oportunidade de eu vir para cá, em vez de trazer uma peça que eu já tinha, eu sugeri à Plano 6 trazer uma peça nova e eles confiaram em mim. A experiência tem sido maravilhosa, já me estou a despedir de Lisboa, mas ainda tenho um trajeto por Portugal e que eu tenho a certeza que vai ser tão maravilhoso quanto está a ser na capital.

O público constrói comigo a peça. Eu acho que manter o público vivo e ativo é uma forma muito rica de se fazer arte

Porque é que esta comédia é 'hilariante e necessária'?

Nós ficámos muito tempo trancados nestes dois anos, ficámos nas nossas casas, não só as físicas mas também as interiores. Esta comédia é uma comédia onde o público participa, onde está ativo. Não está só assistindo. O público constrói comigo a peça. Eu acho que manter o público vivo e ativo é uma forma muito rica de se fazer arte.

Como foi a estreia?

A minha estreia foi maravilhosa. A receptividade do povo português foi linda. Embora as pessoas digam que aqui em Lisboa as pessoas são mais fechadas, eu não senti isso. Acho que até poderia ter sentido no começo mas à medida que a peça vai acontecendo, as pessoas veem. Então a estreia, eu posso dizer que foi uma das melhores da minha vida.

Vocês passam para os brasileiros um pouco dessa cerimónia, do lado sério da vida que também é necessário, e nós passamos um pouco desta soltura, desta boa irreverência, dentro de uma justa medida

Que diferenças nota entre o público português e o brasileiro?

O público brasileiro em si já é bastante irreverente, o que é bastante diferente do povo europeu, um povo mais sério e conservador. Mas eu acho que hoje em dia aqui em Portugal já há muitos brasileiros, o que eu acho que tem sido uma boa troca. Vocês passam para os brasileiros um pouco dessa cerimónia, do lado sério da vida que também é necessário, e nós passamos um pouco desta soltura, desta boa irreverência, dentro de uma justa medida. Então a diferença que eu sinto é essa. O brasileiro é mais aberto e o povo português tem de ser conquistado, mas na hora em que você conquista, é para a vida toda.

Vai estar em cena em várias cidades. Será a primeira vez que visita alguma delas?

Sim, é a primeira vez que eu vou a Braga, à Povoa do Varzim e primeira vez que eu vou ao Porto. Eu estou muito animada com as minhas estreias por Portugal. E como eu ainda vou ter uma semana de folga, vou ficar no Douro a visitar as quintas. Está a ser assim um presente de Deus este trabalho.

Encontra-se em Portugal sozinha, uma vez que o marido e os filhos ficaram no Brasil. O que tem aproveitado para fazer?

Na verdade, estou a sentir muitas saudades da minha família. Agora, também acho bom eu estar aqui por um tempo, consigo fazer muitas coisas que quando estou com eles não consigo. Tenho lido bastante, tenho passeado, tenho voltado a lugares que eu já tinha ido quando vim fazer aqui a peça em 2003. Tenho aproveitado para descansar bastante.

A família tenciona viajar até Portugal para assistir à peça?

Eles adorariam poder vir para cá. Mas não conseguem. O meu marido está a trabalhar e ainda estamos no período de aulas para as minhas filhas. Vai ter de ficar para uma próxima.

Se eu tivesse oportunidade de fazer um bom trabalho aqui, trazer a minha família, eu com certeza moraria aqui feliz da minha vida

Já confessou que é apaixonada pelo nosso país. O que mais a fascina em Portugal?

Aqui tudo é lindo. A arquitetura é linda, a comida é linda e gostosa. Os vinhos são maravilhosos, a natureza é linda. Eu sou muito apaixonada por Portugal. Eu amo vir para cá. De certa forma eu sinto-me muito em casa porque acho que tem muito que ver com a Baía, que foi o estado onde cresci. Então eu sou realmente apaixonada por este país. Acho uma conjunção de muitas coisas maravilhosas. Eu sou realmente fã.

Vários artistas brasileiros escolheram Portugal como a sua casa. Alguma vez pensou em mudar-se?

Se eu tivesse oportunidade de fazer um bom trabalho aqui, trazer a minha família, eu com certeza moraria aqui feliz da minha vida. O povo é muito educado, muito carinhoso, muito acolhedor, eu ficaria muito feliz se tivesse essa boa oportunidade, podem contar com a minha boa vontade de vir.

Além de ‘Faz-me Rir’, está dedicada a outros projetos?

Quando regressar ao Brasil vou gravar duas temporadas de uma série chamada 'Cine Holliudy' que eu também amo fazer. Vou fazer também um pouco do 'Faz-me Rir', quem sabe, Portugal convida-me de novo para uma segunda temporada em cidades que eu ainda não fui. Eu de antemão já digo SIM. E vou continuar a escrever as minhas peças, continuar a fazer o meu trabalho de atriz e autora. E futuro a Deus pertence, e estando nas mãos Dele, o que vier para mim está tudo lindo, tudo certo.

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