Depois de terem atuado na Eurovisão, em Roterdão, Holanda, os The Black Mamba conversaram com Cláudio Ramos e Maria Botelho Moniz esta terça-feira, 25 de maio. Uma entrevista que começou precisamente com a subida ao palco para representar Portugal.

Recorde-se que o grupo ficou na 12.º posição na final da Eurovisão com a música 'Love Is On My Side'.

"Foi difícil. O que sentimos foi a união que se gerou para nos apoiar. Milhares de mensagens, gente que nós não conhecemos, de toda a parte. Na primeira meia-final senti uma pressão que nunca tinha sentido, precisamente porque de repente estamos a representar um país e parecia que o país estava todo a contar com uma prestação boa dos The Black Mamba, que orgulhasse o país, que fosse uma prestação digna das nossas cores da bandeira", começou por recordar o vocalista da banda.

"Senti uma pressão enorme e quando passou a primeira meia-final jurei para mim próprio que nunca mais que me punha numa daquelas outra vez", frisou Tatanka.

Por sua vez, Miguel Casais, membro da banda, também destacou as imensas mensagens que têm recebido. "E de muita gente que não conhecia a banda e super felizes de [nos] descobrir", partilhou.

O facto de cantarem em inglês também foi comentado, e Tatanka disse: "Nós seguimos aquilo que temos vindo a fazer ao longo de 12 anos, mantivemo-nos fiéis àquilo que nós somos, tanto a nível de estilo de música como da produção da própria canção. Não mudámos nada nem para ir ao Festival da Canção nem para ir à Eurovisão, e também não fazia sentido mudarmos isso".

"Acho que a música é uma linguagem universal. Somos muitos orgulhosos de sermos portugueses, temos várias músicas em português nos nossos discos, mas acho que se uma música te toca no coração não deves impedi-la de ser a tua favorita só porque não é em português", acrescentou.

"Tu podes não perceber nada do que a pessoa está a cantar e estar a chorar. Lembro-me do Salvador Sobral em Kiev, de uma senhora que não estava a perceber nada do que ele estava a dizer e estava a chorar baba e ranho, porque a interpretação dele e a música foram realmente emocionantes", continuou, frisando que "em primeiro lugar representam a música", mas não deixam de estar "solidários com quem acha que deve ser uma música em português". "Percebemos isso, mas temos a nossa opinião e não é de maneira nenhuma desrespeitar ou não querer saber. Somos bastante solidários com essa questão", realçou.

Ainda sobre o tema, Miguel Casais explicou também que a "internacionalização" da banda foi sempre um dos objetivos, uma das razões de cantarem em inglês.

Ao recordar a atuação de Salvador Sobral em 2017, tendo sido o primeiro português a vencer a Eurovisão, Pity disse: "Está-se a tornar um bocado a marca de Portugal, Portugal ir representar a música. [...] Toda a gente lá que nos vinha fazer entrevistas dizia o mesmo, que o que gostavam em nós para além da música e da voz do Tatanka (não existe ninguém no mundo a cantar como ele), é que nós representamos a música e a verdade da música sem pirotécnicas, sem fogo".

De seguida, Tatanka recordou a história por trás da música que levaram à Eurovisão: "Foi uma história que aconteceu em Amesterdão quando lá fomos tocar em 2018. No meio daquela loucura toda nós estávamos a tocar no Red Light District e apareceu esta senhora que contou que tinha conseguido fugir de um país de Leste no final dos anos 60, cheia de sonhos e esperanças. Acabou por correr tudo ao contrário, tornou-se prostituta de rua, problemas de toxicodependência... Mas ainda assim achava que o amor ia prevalecer e era mais forte do que tudo. Preferia olhar para as coisas pelo lado positivo em vez do negativo. E isso foi o que inspirou a fazer esta música, que na verdade é uma mensagem de esperança através do amor".

Nos dias em que estiveram em Roterdão os The Black Mamba tiveram de ficar presos no hotel, por causa da pandemia da Covid-19, e acabaram por gravar o videoclipe do tema 'Crazy Nando', que foi para o ar no YouTube esta terça-feira, 25 de maio.

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Antes de terminarem, Tatanka fez questão de deixar uma palavra de agradecimento por todo o apoio que receberam.

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