A incidência de cáries na infância tem aumentado consideravelmente na última década, atingindo 36% das crianças entre os cinco e seis anos. “Os pais ainda não estão suficientemente conscientes da saúde oral das crianças, nem do impacto que o cuidado com os dentes de leite terá no futuro”, afirmou Paola Beltri, presidente da Sociedade de Odontologia espanhola (SEOP). No entanto, esta é uma situação totalmente evitável.

A especialista falava em Madrid, na apresentação de um manual para a prevenção e bons hábitos na higiene oral infantil, documento elaborado no primeiro encontro multidisciplinar de pediatras, odontopediatras, higienistas odontológicos, como informa o El País.

Os dados parecem dar-lhe razão: 17% das crianças de três anos têm cáries, número que aumenta para 26% aos quatro anos e dispara até mais de 36% entre os cinco e os seis anos, de acordo com os resultados da última pesquisa em saúde oral no ensino pré-escolar em Espanha. “A mensagem que queremos passar com este manual é que a cárie é uma doença 100% evitável com boa informação e bons hábitos”, explicou Paola Beltri.

Os dentes “não são geralmente a prioridade na consulta pediátrica”, mas os médicos estão “cada vez mais sensibilizados, pois, infelizmente, todos os dias há mais patologias relacionadas com a dentição”, disse Amalia Arce, pediatra no Hospital de Nens, em Barcelona.

Tome nota:

  1. Visite o dentista para realizar um primeiro checkup dentário antes do primeiro aniversário da criança. A partir de então, seria bom fazer um acompanhamento de pelo menos uma vez por ano, mas melhor seria a cada seis meses, porque a boca das crianças muda muito rapidamente.
  2. Desde a primeira erupção dentária, escove os dentes do bebé pelo menos duas vezes por dia.
  3. Deve usar escovas de cerdas suaves, já que estas cuidam do esmalte melhor do que as duras. É conveniente trocar de escova a cada três meses.
  4. As pastas de dentes devem conter sempre flúor. Sem flúor não há proteção contra a cárie. Desde a primeira erupção dentária, é necessário usar uma pasta com uma concentração de 1000 partes por milhão (ppm) de iões de flúor. A partir dos três anos pode ser aumentada para 1450 ppm de fluorina, que é a concentração de adultos. E quanto ao medo que muitos pais têm de um envenenamento por fluorina? “Há muito mais risco de cárie do que de fluorose”, responde Lydia Almansa, e especialista em odontologia, que recomenda que ao comprar uma pasta de dentes se deve olhar para os ppm e não para as idades recomendadas, que não estão atualizadas.
  5. Que quantidade de pasta deve pôr na escova? O tamanho de um grão do arroz desde a primeira erupção do dente e o tamanho de uma ervilha a partir dos três anos de idade.
  6. Os peritos recomendam que não molhe a escova com água antes da escovação, nem depois de enxaguar a boca, de forma a permitir que o flúor remineralize os dentes de forma correta.
  7. Idealmente, a partir dos cinco anos, deve complementar a escovagem com um elixir com fluoreto. No entanto, não deve ser aplicado logo após a escovagem. “Podemos lavar os dentes, depois ler umas histórias, e antes de ir para a cama, bochechar com o elixir”, concluiu Beltri.