As duas associações consideram que a utilização reduzida das escolas devido ao estado de emergência é uma "oportunidade para a remoção do amianto", lembrando que, "mais cedo ou mais tarde, dar-se-á o regresso à normalidade e que alunos pais e professores têm manifestado ao longo deste ano letivo a sua enorme preocupação com o estado das escolas, sobretudo pela presença de materiais contendo amianto em elevado estado de degradação".

O MESA e a Zero referem que "há situações de grande gravidade" e que "nada foi feito durante os vários meses em que as escolas estiveram encerradas ou com acesso bastante restrito".

"Esta altura de encerramento ou limitação do acesso às escolas poderia ter sido aproveitada para a remoção do amianto nos casos mais urgentes, tanto mais que o Orçamento de Estado entrou, entretanto, em vigor e houve vários anúncios da tutela nesse sentido", aponta André Julião, coordenador do Movimento Escolas Sem Amianto (MESA).

Íria Roriz Madeira, da Zero, acusa o Ministério da Educação de falta de ação.

"A COVID-19 representou uma oportunidade que o governo não soube ou não quis agarrar. Desde logo pela possibilidade de fazer nas escolas um sério levantamento da presença de materiais contendo amianto, com peritos no terreno, uma oportunidade única até pelas medidas de segurança e os equipamentos de proteção individual que o amianto exige, que vão além das requeridas para a covid-19, não obrigando, por isso, à multiplicação de procedimentos de segurança que podiam acrescentar dificuldades a esta fase", refere a arquiteta, que sublinha que não houve interrupção de obras de reabilitação e que a crise pandémica podia ter sido a oportunidade para se avançar.

André Julião considera que este ano letivo está já comprometido em termos de aulas presenciais, mas que em setembro as escolas devem ser "um local mais seguro".

"Há vida para além da covid-19 e se a remoção do amianto das escolas era uma prioridade antes, tem de continuar a sê-lo agora para que, quando o novo ano letivo começar, em setembro, as escolas possam ser um local mais seguro para toda a comunidade escolar. Numa altura em que todos, sobretudo as crianças e jovens, estão bastante mais alerta para a importância de se colocar a saúde pública à frente de mandamentos económicos, está na hora de passar da retórica à prática e fazer, de uma vez por todas, as obras de remoção de amianto necessárias, sobretudo as mais prioritárias", sustenta o líder do MESA.

A plataforma "Há amianto na escola", lançada em parceria entre a Associação Ambiental ZERO e o Movimento Escolas Sem Amianto (MESA), recebeu mais de 120 denúncias de escolas que ainda contêm amianto.