“Confirmo que está a ser constituída uma equipa que terá pessoas da saúde pública para avaliar os termos em que o confinamento pode contribuir para justificar o crescimento dos indicadores ligados à delinquência juvenil. Queremos também ter pessoas ligadas à segurança social e proteção social dos mais carenciados, estarão depois outros serviços, nomeadamente a própria PSP, a GNR e outras áreas governativas para procurarmos detetar as causas”, disse aos jornalistas José Luís Carneiro.

O ministro, que falava aos jornalistas à margem do congresso dos inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, precisou que o objetivo do Governo é atuar junto dos jovens “em função das causas detetadas” pela equipa.

Esta equipa especial vai ser criada após o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2021 ter revelado que a criminal grupal aumentou 7,7% no ano passado e a delinquência juvenil 7,3% em relação a 2020.

Segundo o RASI, registaram-se 4.997 participações em 2021 de criminalidade grupal, mais 359 em relação ao ano anterior.

O relatório indica que a criminalidade grupal está sobretudo associada a grupos de jovens, entre os 15 e os 25 anos de idade, com “vasto historial criminoso centrado essencialmente na prática de roubo, furto, ofensa à integridade física e ameaça, durante o período noturno”.

O ministro escusou-se em avançar pormenores sobre a equipa que vai ser criada, sustentando que “o assunto está a ser trabalhado”.

“Quando alguém chega ao ponto de ter comportamentos de delinquência, significa que muitas outras respostas falharam enquanto sociedade. É por isso que temos de trabalhar estas dimensões de uma forma integrada, sustentada e procurando compreender o montante dos problemas”, disse, frisando que o problema da delinquência juvenil deve “interpelar toda a sociedade e não apenas ao ministro da Administração Interna ou ao Governo”.

José Luís Carneiro considerou que “as condições de base falham por razões diversas”, como contexto familiar, comunitário e ambiente em que crescem, nascem e se desenvolvem

“É preciso trabalhar em todas estas dimensões para garantir que temos uma sociedade mais plena em que as pessoas, independentemente do local em que nascem, cresçam, possam desenvolver em plenitude”, sustentou.

O ministro disse ainda que “o policiamento deve ser a última resposta quando todas as dimensões já falaram”.