É a família que nos mostra o que está certo e o que está errado, é a família que nos indica os melhores caminhos a escolher. Uma família em harmonia, que se ama mutuamente, permanece unida por uma vida toda. E é também fonte de exemplo para todas as gerações, inspirando a formação de novas famílias e transformando alguns preconceito culturais.

Considerando então o seio familiar o cerne de cada um de nós e no qual sediamos a nossa essência e a nossa conduta, importa explorarmos benefícios de uma relação familiar saudável bem como consequências negativas devido a um contexto familiar disruptivo.

Identidade

É no cerne da nossa família que construímos as nossas crenças, valores e princípios. São os pais, irmãos, avós e tios os elementos fundamentais para a construção da nossa personalidade.

Pelo acumular de experiências ao longo da nossa vida vamos acreditando naquilo que nos mostraram ser o correto e o errado. É deste modo que formamos os nossos padrões de raciocínio, ou seja, a nossa maneira de pensar e por consequência os nossos padrões de comportamento.

Obviamente que através de hábitos e rituais familiares, ou seja, por repetição, vamos moldando o nosso comportamento à semelhança das nossas referências parentais e familiares.

É posteriormente no processo de crescimento e individuação que marcamos uma posição perante essas referências, vincando-as ou desenvolvendo outras que daí sejam derivadas como compensação. Tudo depende se estamos a falar de valores e princípios adaptativos e flexíveis ou pelo contrário conflituosos e disruptivos ou até ausentes.

A vinculação e segurança

Os laços de sangue, ou seja, a vinculação que se estabelece com a família, facilmente se traduz num sentimento de segurança, na capacidade de contenção dos medos, ansiedades, das descobertas que fazemos do mundo, da sociedade, das dificuldades que vão surgindo ao longo das diferentes fases de crescimento das nossas vidas.

O primeiro filtro com que olhamos e enfrentamos o mundo é o dos nossos progenitores. Por vezes é através deles que passamos a acreditar que o mundo é um lugar hostil mas também é através deles que podemos passar a encará-lo com determinação e assertividade.

A base de tudo começa na nossa família e na forma como nos “ensinam” a lidar com as nossas emoções, com a valorização ou desvalorização de terminados acontecimento. É aqui que começamos a desenvolver a nossa inteligência emocional mediante os reforços negativos ou positivos que recebemos de quem nos cria.

Sentirmo-nos bem connosco próprios reflete-se na forma como nos sentimos com os outros e com tudo o que nos rodeia. Tudo depende da representação mental que criámos sobre o que nos rodeia e da construção do nosso auto- conceito.

Competências sociais

Esta é uma das principais referências que deverá ser adquirida desde cedo. A competência social irá manifestar-se ao longo da nossa vida em diferentes áreas, quer seja em relações de amizade, relações amorosas e relações profissionais em contexto de trabalho.

Desde cedo e no âmbito familiar é importante termos contacto com regras, regras que mostrem o respeito o sentido de obrigatoriedade, de responsabilidade e os limites que definem até onde vai a nossa liberdade e onde começa a liberdade do outro.

É no contexto familiar que deverá ser ganha a noção de hierarquias, autoridade, flexibilidade, partilha, comunicação, liberdade de expressão. Há ganhos pela assimilação dos diferentes papéis dos diferentes elementos da família sendo posteriormente possível de transladar isso para os diferentes estilos relacionais na vida de todos nós.

Cultura

Não podemos esquecer que cada um tem um papel fundamental dentro de casa, onde existem direitos e deveres, e todos devem cumprir com suas obrigações. Aí entra o respeito mútuo, a consideração pelos mais velhos, as tarefas domésticas, os deveres diários. Há situações em que toda responsabilidade do dia a dia e os serviços de casa ficam por conta da mãe, os filhos culpam os pais por não poderem presenteá-los com aquilo que desejam ou os irmãos vivem no desentendimento. Nestes casos, a família permanece em desarmonia, sobrecarregando apenas um integrante, tornando instável a união do lar e a estrutura familiar.

Este aspeto é fundamental para que o conceito cultural mude de geração em geração... A distribuição de responsabilidades e tarefas, a mudança do peso que recai sobre a mulher, a mãe, devem ser motivo de atenção desde cedo.

A sociedade vive uma quantidade enorme de estímulos que todos os dias nos desafiam e testam. Acaba por ser até necessário ter um papel ativo em mantermo-nos focados nos nossos objetivos e naquilo que idealizamos ou ambicionamos. Isto porque estes estímulos desafiantes podem desconcentrar-nos e alterar a rota da nossa caminhada.

As explicações são da psicóloga Catarina Graça, da Clínica da Mente.