Nos últimos 20 anos a monoparentalidade tornou-se mais comum que o conceito de família nuclear constituída pelos elementos pai, mãe e filhos. O conceito de monoparentalidade quer dizer que a família é gerida apenas por um elemento que é responsável pelo agregado familiar e pelas crianças desse agregado.

Os motivos para ocorrência deste cenário são diversos. Morte, divórcio, abandono da família ou emprego no estrangeiro. Encontramos assim, famílias lideradas a 100% pela mãe, ou em outros casos, pelo pai e em casos mais raros mas também existentes, por um dos avós ou por um irmão mais velho e de faixa etária adulta e emancipada.

Os elementos em monoparentalidade esperam que a família funcione com a mesma eficácia e grau de qualidade que as famílias nucleares. Tal não acontece porque não é possível. Humanamente um individuo não consegue fazer os dois papeis, o de pai e de mãe, não consegue manter a auto-estima elevada na grande maioria dos casos, precisamente porque não tem força anímica e física para cumprir todos os objetivos.

As crianças são muito exigentes no seu período de crescimento pois tem uma sede de conhecimento e um grau elevado de criatividade pelo que é sempre útil ter a figura de afeto de cuidados, a mãe e a figura de autoridade e orientações, o pai. Não quero com esta explicação ser extremista ou hermética. Muitos elementos adultos em monoparentalidade tentam fazer o seu melhor, mas não é fácil, a mulher fazer o seu papel bem feito e fazer em simultâneo o papel masculino. O mesmo se passa com os homens. Será ainda mais difícil para eles e com um enorme esforço envolvido, conseguirem atingir os momentos de afeto materno, por exemplo.

Cada um nasce com as características que são uteis ao seu papel em sociedade e na família e é de fato difícil reinventar para fazer ambos os papeis. Por haver em alguns casos, um esforço em movimento que tenta educar e dar um lar confortável a si mesmo e às crianças, o adulto pode estar em esforço. A vida de monoparentalidade é extremamente stressante, quer para o adulto quer para a criança. Monoparentalidade se não for acompanhada, orientada, gerida com ajuda e com aprendizagem para alcançar os melhores pilares de atuação, pode levar o adulto ao esgotamento. Por este motivo e outros que mais adiante vou referir, o adulto não tem porque não consegue ter, a calma e a paz adequadas para bem educar as crianças. É importante pedir ajuda, partilhar com outros familiares, especialistas na matéria parental e da área de criança. Nos países nórdicos as famílias monoparentais juntam-se em grupos de interajuda, partilham tarefas e organizam eventos para entreter, divertir e ajudar a crescer os mas pequenos. Estes momentos são de convívio para os adultos que podem assim ganhar em convívio, novas opiniões, partilha de experiencias e novas amizades.

Se um adulto for calmo, afetuoso, e mentalmente saudável muito provavelmente a criança que cresce perto deste terá um caracter idêntico já que os pequeninos, apesar da sua personalidade intrínseca, aprendem por imitação e convívio. Por outro lado, se convivem com um adulto ansioso, negligente, desorganizado, agressivo, distante e mentalmente instável, a criança irá naturalmente refletir o mesmo tipo de comportamento.

O cérebro desenvolve-se desde tenra idade por aprendizagem e imitação. Muita desta aprendizagem ocorre por fenómenos de cumplicidade e interação, ou seja são atos e ocorrências no silêncio. As crianças são esponjas nestes momentos de aprendizagem. Um adulto em monoparentalidade, corre o seu trabalho, orientar uma casa, educar uma criança e no final do dia sabe que o tempo para si mesmo é zero. Todas as pessoas, seja em que situação for devem ter tempo para refletir, estar em paz e a sós para manter a sua individualidade intacta.

Outro fator assustador e difícil é o facto que a monoparentalidade na maioria dos casos está associada a uma redução drástica das possibilidades económicas, uma vez que todos os encargos recaem sobre uma única pessoa. Sabemos que o crescimento de uma criança envolve custos elevados em qualidade e continuidade da sua educação. Este tema é outro fator de stress para o adulto monoparental. Há muita pressão e o potencial de problema e instabilidade é mais a flor da pele. A gestão da infelicidade face a um casamento desfeito pode levar uma vida para ser recuperado pelo que o equilíbrio emocional do adulto é primordial para um lar equilibrado.

Alguns dos fatores de stress que ocorrem em famílias de regime monoparental

• Fator financeiro, pagamento das contribuições financeiras por parte do pai
• Visitas e questões relacionadas com as decisões de custódia
• Tempos de qualidade entre a criança e os adultos, pai e mãe
• Organização do calendário de tempos livres em formato eficaz e útil para a criança
• Gestão dos sentimentos de menor vibração entre os adultos e face a presença dos mais pequenos
• Normalização das relações adultas e após a separação
• Efeitos da separação nos resultados sociais, escolares e afetivos da criança
• Quebra de relações estáveis entre alguns membros da família por parte da mãe e do pai
• Uniformização da educação da criança apesar da separação dos adultos
• Problemas que ocorrem quando um dos adultos ou ambos iniciam novos relacionamentos
• Aceitação e naturalidade por parte dos avós face a separação
• Plano uniforme sobre a educação da criança no ambiente escolar
• Comunicação eficaz e não agressiva
• Deixar os mais pequenos fora dos assuntos que só dizem respeito aos adultos
• Manutenção adequada dos papeis adulto e criança, evitando assim que a criança se veja obrigada conscientemente ou inconscientemente a tomar o papel do adulto que não está presente. Ex. um menino tomar o papel do pai na casa fazendo uso de recursos que não são adequados a sua idade e estatuto.

Maneiras eficazes de reduzir o stress Monoparental

• Educação financeira (ex. estudo eficaz e real sobre income versus gastos)
• Atitude positiva (ex. aprendizagem sobre pode pessoal)
• Desenvolvimento de novas competências (ex. estudar de novo)
• Figuras de suporte (ex. aprender a solicitar ajuda, cativar figuras de suporte para momentos críticos)
• Rotinas, organização, disciplina e método (ex. orientação familiar eficaz e sem stress ou gritos porque todos sabem o que e quando fazer)
• Consistência (ex. aprender a manter o que esta estipulado, mudar em caso de necessidade)
• Verdade (ex. usar de honestidade, abertura e linguagem apropriada para criança)
• Gestão emocional (ex. cada situação ou ocasião tem um peso e tudo deve ser estimado com equilíbrio)
• Tratar as crianças como crianças (ex. separação eficaz das temáticas de adulto e das temáticas de criança com organização e eficácia)
• Abolir as palavras e sentimentos negativos da linguagem do dia-a-dia (ex. estas escolhas oferecem segurança à criança)
• Tempo de qualidade com a criança (ex. por curto que seja o tempo disponível, deve ser de qualidade, ou seja dedicado à criança em exclusivo)
• Tempo de qualidade individual (ex. ter tempo para pensar, decidir e refletir nas atitudes, decisões e mudanças a manter para uma boa vida familiar)
• Informar-se de recursos sobre Monoparentalidade partilhados (ex. aceitar partilhas de outras situações Monoparentais de sucesso ou em busca dele)

Por Isabel Leal – www.alegrianainfancia.wixsite.com/index 
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