Não gosta da sua figura? Da cintura para cima está estupenda mas da cintura para baixo, sente-se magra de mais. Não se conforme. Da mesma forma que a cirurgia elimina curvas, também existem soluções para quem precisa delas, que são próteses. Os implantes nos glúteos e nos gémeos são colocados em intervenções simples com resultados muito gratificantes. «Constituem uma rápida alternativa para quem pretende aumentar instantaneamente as nádegas ou as pernas», garante Fátima Baptista Fernandes, especialista em Cirurgia Plástica na Clínica de Todos-os-Santos, em Lisboa.

Esta técnica permite-lhe:

- Aumentar o volume dos glúteos e elevá-los

Para que tenha uma ideia de como irá ficar o resultado final, o cirurgião mostrar-lhe-á fotos anónimas de pacientes com formas anatómicas similares às suas e irá orientá-la sobre o tamanho e a forma das próteses adequadas.

- Corrigir a forma dos gémeos

Se estão pouco desenvolvidos, tornam a sua figura pouco harmoniosa e podem salientar mais os músculos ou os quadris avantajados. Com as próteses, o seu volume e forma serão mais naturais.

- Igualar os gémeos

Se o problema afecta apenas uma perna, devido a um traumatismo ou por ter sofrido de poliomielite, a colocação de uma prótese nessa perna consegue igualar a saudável.

O que é preciso para recorrer a esta técnica

Uma avaliação médica é imprescindível antes do recurso a esta técnica. A recolha da história clínica e um exame físico detalhado é fundamental para que o cirurgião plástico possa «relacionar bem o defeito físico com as expectativas da paciente, havendo mesmo casos em que os implantes estão contraindicados como, por exemplo, em mulheres em que o excesso de pele descaída é tão grande que não iremos conseguir a elevação desejada através somente do implante», explica a especialista.

Veja na página seguinte: As (outras) avaliações que o processo exige

As (outras) avaliações que o processo exige

As fotografias pré-operatórias são também essenciais antes da cirurgia. Existem, contudo, outras avaliações necessárias:

- Análises ao sangue

É frequente solicitar-se um hemograma completo, análises de coagulação, glicemia, ureia, creatinina e enzimas hepáticas.

- Radiografia ao tórax e electrocardiograma

Não poderá submeter-se a uma cirurgia se sofre de alguma doença que possa interferir com o processo cirúrgico como, por exemplo, uma cardiopatia importante.

- Ecodoppler dos vasos dos membros inferiores

«É fundamental para despistar possíveis varizes que, antes de serem tratadas, contra-indicam a cirurgia», alerta Fátima Baptista Fernandes.

Como se processa o pré-operatório

Superados os exames, iniciará o período pré-operatório. Três semanas antes e três semanas depois de ambas as cirurgias, deve suspender tratamentos anticoagulantes. A aspirina e outros preparados de fitoterapia ou homeopáticos que fluidificam o sangue e impedem a sua coagulação. Fármacos com vitamina E também são de evitar, uma vez que também interferem com os processos de coagulação, tal como o tabaco, que influencia a qualidade da cicatrização.

As dúvidas mais frequentes

É preciso ter ainda em conta que, nos três dias antes do implante de glúteos, terá que lavar com anti-sépticos toda a zona do períneo (zona entre o ânus e a entrada da vagina). Depois do que já leu, a colocação de implantes nos glúteos e gémeos suscita-lhe ainda dúvidas? A cirurgiã plástica Fátima Baptista Fernandes esclarece:

As próteses podem deslocar-se ou romper-se?

Temos o cuidado de fazer a loca ou cavidade do tamanho da prótese que se vai introduzir, para que desta forma não se possa deslocar nada. A superfície das próteses actuais é muito resistente e o local onde se introduzem é submuscular, ficando assim protegidas contra qualquer traumatismo.

Vão-se notar?

Não se notam se forem colocadas no local correcto. Para além disso, como a superfície das próteses, actualmente, é sempre texturizada não há o risco de contratura capsular.

Veja na página seguinte: As quatro fases de um implante de próteses nos glúteos

Implante de próteses nos glúteos

Este procedimento contempla quatro fases:

1. Na sala cirúrgica, o anestesista decide se a anestesia a administrar será geral ou epidural (sendo esta mais frequente). «Nunca se recorre à anestesia local e este tipo de implante requer sempre internamento, pois o pós-operatório imediato tem de ser em repouso», salienta Fátima Baptista Fernandes.

2. O cirurgião aplica uma incisão vertical, ao longo da dobra que se forma entre os glúteos. Através dela, criará uma espécie de bolsa a nível subfacial (sobre o músculo mas abaixo da camada que o cobre), submuscular (debaixo do músculo), ou intramuscular, em função do espaço que se pretende preencher.

3. Cada prótese, especialmente desenhada para essa zona, é introduzida no seu lugar e a bolsa é fechada através de pontos reabsorvíveis. Posteriormente, a incisão é suturada com pontos retirados depois. A cicatriz fica escondida entre os glúteos.

4. A duração da intervenção pode ser de 90 a 120 minutos.

Cuidados posteriores

Existe uma série de recomendações a ter em conta depois da colocação dos implantes. «Deve repousar totalmente durante dois dias e tomar uma analgesia forte, pois é muito frequente as pacientes queixarem-se da inflamação do nervo ciático devido ao descolamento e manipulação dos músculos glúteos junto ao nervo, que inflama e dá dor mas que melhora ao fim de três a quatro dias», explica Fátima Baptista Fernandes.

A partir das 36 horas, poderá sentar-se e voltar à sua vida normal. Deve, contudo, usar uma cinta e recorrer à antibioterapia profiláctica obrigatória em todas as cirurgias com implantes. As suturas são retiradas passados 15 dias e pode começar a fazer desporto um mês depois. A recuperação total dá-se ao fim de seis a oito semanas depois da intervenção.

Possíveis riscos

Além dos inerentes a qualquer cirurgia, existem riscos específicos:

- Perda temporária ou permanente da sensibilidade da pele em algumas zonas.

- Endurecimento do tecido fibroso que o corpo cria em redor da prótese.

- Extrusão das próteses (saída parcial do seu lugar) por falta de uma camada adequada de tecido ou devido a uma infecção, em cujo caso pode ser necessária tirá-las, e o deslocamento que se produz por se fazer exercício antes do tempo.

- Alteração da cicatriz. Se tal acontecer, terá de ser tratada com pressoterapia, laser ou, em último caso, retoque cirúrgico.

- Acumulação de fluído à volta do implante. A solução é drená-lo. «Há sempre o risco de dor ciática após a manipulação cirúrgica do local do nervo e o risco de hematoma, que se evita com a drenagem aspirativa e com o repouso», acrescenta.

Veja na página seguinte: Implante de próteses nos gémeos

Implante de próteses nos gémeos

Este procedimento também contempla uma série de fases com características bem distintas:

1. Preparam-na da mesma forma que a prepararam para a cirurgia aos glúteos.

2. A anestesia a ser administrada é a epidural.

3. O cirurgião fará uma incisão horizontal na prega posterior do joelho.

4. Posteriormente, dá-se o deslocamento de loca submuscular por baixo dos gémeos.

5. Introduzem-se as próteses, sendo a forma e o tamanho adequado a cada caso.

6. A sutura da ferida é realizada com um penso compressivo desde a ponta dos dedos dos pés.

7. Será repetido o mesmo procedimento na outra perna.

8. A intervenção dura 90 minutos aproximadamente.

Cuidados posteriores

São suficientes 36 horas na clínica para controlar e prevenir o inchaço das pernas. Durante esse período, terá de usar meias compressivas, receberá massagens de drenagem linfática e dará os primeiros passos com a ajuda de uma enfermeira. Passada uma semana, poderá caminhar a um ritmo normal. Depois deste período, retirar-lhe-ão os pontos da sutura e a cicatriz fica mais reduzida (cerca de quatro centímetros). Deverá usar meias elásticas de compressão durante três semanas. Recomenda-se ainda o recurso a analgesia, a antibioterapia e a anticoagulação.

Possíveis riscos

Os riscos são os inerentes a qualquer cirurgia, como no caso dos glúteos, e mais especificamente:

- A perda temporária ou permanente da sensibilidade nas pernas é uma possibilidade que pode surgir.

- Alteração da cicatriz, ainda que seja muito pouco comum.

- Extrusão, saída parcial, do implante. Pode acontecer se faltar uma camada adequada de tecido ou se ocorrer uma infecção.

- Deslocamento do implante acompanhado de uma distorção da forma. A tal risco, pode suceder-se uma segunda operação para corrigi-la, embora seja um caso raro.

- Contratura capsular ou endurecimento do tecido cicatrizado em redor da prótese passado um tempo. Mas é muito raro que tal situação ocorra nos gémeos.

Texto: Cláudia Pinto com Fátima Baptista Fernandes (especialista em cirurgia plástica)