Como preservar a elegância feminina criada pelo fundador da marca, o espanhol Cristóbal Balenciaga, com a tecnologia de ponta? O atual diretor artístico da marca, o georgiano Demna Gvasalia, lançou-se em busca da resposta.

Num subúrbio popular no norte de Paris, Saint-Denis, localização inédita para um desfile da glamourosa Semana de Moda, a marca francesa instalou um túnel de ecrãs LED, com imagens tão coloridas quanto angustiantes.

As modelos desfilaram entre imagens de ecossistemas sobrenaturais e civilizações "tecno-fetichistas", segundo o criador, artista e cineasta canadiano Jon Rafman.

Este vídeo imersivo, com substâncias líquidas digitais, "é como caminhar num filme. Tentamos fazer um projeto que ninguém tivesse feito antes", disse Gvasalia.

'Tudo o que me angustiava'

"Nada me causa angústia neste momento, mas revelei tudo que me angustiava antes", contou à Agência France-Presse o estilista, 37, que vive entre Zurique e Paris e também está à frente da marca "Vetements".

"A minha obra é o espelho da minha alma", disse o georgiano, que, nos anos 1990, fugiu com a família da limpeza étnica realizada pelos separatistas da região da Abkhasia, onde nasceu.

A sua coleção primavera/verão está alinhada com a tendência detectada nesta Semana da Moda de prêt-à-porter, que começou no dia 24: menos apostas extravagantes e mais elegância e sobriedade.

"A elegância e o glamour são quase tabus hoje em dia. Gostaria de reinterpretá-los no contexto atual", comentou.

Revisitar a alfaiataria

O estilista iconoclasta continua a aprofundar a técnica de confecção em 3D, que começou a estudar na temporada anterior em casacos. Agora, aplica esta tecnologia com a vontade de revisitar a alfaiataria.

Na sua coleção, são abundantes as silhuetas monocromáticas - com predomínio do preto - os ombros largos e as golas exageradamente altas. A Torre Eiffel aparece estampada em branco em algumas peças.

A tecnologia atrai cada vez mais os estilistas, que buscam revolucionar a moda. A impressão em 3D e os cortes a laser são, por exemplo, as marcas da estilista holandesa Iris van Herpen, cujo estilo se encontra no meio do caminho entre a moda, arquitetura e tecnologia.

John Galliano também está a inclinar-se para as peças futuristas. Nos seus desfiles mais recentes, apresentou tecidos que ganham cores vibrantes ao serem fotografados, uma maneira de refletir as novas formas de admirar a moda através das redes sociais, como o Instagram.