Em apenas cinco anos, Alessandro Michele, o diretor criativo da Gucci desde janeiro de 2015, revolucionou a marca mas a maior mundança está, neste momento, a acontecer. Depois de ter acabado com os saldos, a prestigiada etiqueta deixa de apresentar publicamente as suas novas propostas na Semana da Moda de Milão e passa a ter apenas duas coleções anuais em vez das oito que lança atualmente, numa nova estratégia de desaceleração da produção que o italiano acredita que outras marcas venham a seguir.

Numa conferência de imprensa por videoconferência, Alessandro Michele revelou ainda que a Gucci deixa de produzir em função das estações tradicionais, primavera/verão e outono/inverno. "Estas expressões estão obsoletas, fazem parte de um discurso impessoal que perdeu o seu significado", desabafou também o criativo romano numa publicação nas redes sociais. Apesar da crítica, a marca, fundada em 1921, já começou a apresentar as primeiras propostas visuais da "pré-coleção de outono", como as anuncia.

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A Gucci tem vindo a promover cânones de beleza divergentes e inclusivos e as novas imagens promocionais não são exceção. As fotografias da nova campanha, assinadas pelo reputado fotógrafo Alasdair McLellan, com direção de arte de Christopher Simmonds e direção criativa do próprio Alessandro Michele, já refletem o novo posicionamento da marca. "Gostava de não ser o único a seguir este caminho e levar outros [criadores de moda a repensar o negócio e] a perceber que fazer cinco desfiles por ano é mau para a criatividade. Eu fi-lo porque sou hiperprodutivo mas a hiperprodutividade também pode ser uma doença", critica.

O estilista belga Dries Van Noten, que na sua última coleção uniu esforços com o francês Christian Lacroix, também tem defendido publicamente a desacelaração que Alessandro Michele apregoa, tal como o italiano Giorgio Armani, que a tem vindo a implementar discretamente nas últimas temporadas. "Isto pode parecer uma loucura, mas este modelo permitirá que a roupa se aguente durante mais tempo e que tenha uma vida mais longa nas lojas", referiu ainda o diretor criativo da Gucci, nascido há 48 anos em Roma.