O 3º dia da 57ª edição da ModaLisboa foi marcado pela apresentação do designer Luís Carvalho, que arrancou fortes aplausos do público. O recém vencedor do Globo de Ouro de Personalidade do ano de Moda criou a coleção intitulada "Ride", que fala sobre o sentimento de liberdade.

A nova coleção para a estação quente propõe uma viagem entre a cidade o campo, jogando com contrastes: urbano / sofisticado e feminino / descontraído. A silhueta influenciada pelos anos 50 veste-se de detalhes com uma vibe campestre, contando com materiais como os linhos, algodões, crepes de seda e jacquards, e um mix de padrões xadrez em cores como o roxo, lilás, amarelo girassol, preto, branco e cinzento. A silhueta varia entre oversize, ampulheta e XL.

Este dia ficou ainda marcado pela exímia apresentação de Carlos Gil e Ricardo Andrez.

"Life" é a resposta para a mulher que veste Carlos Gil na próxima estação. Uma mulher que vive em todos os Continentes, com o pensamento no equilíbrio da natureza. O padrão reflete a vida da árvore na terra e o coral no mar. As cores doces da coleção misturam-se de forma inusitada, numa silhueta que se funde com as várias culturas.

Vivendo num mundo maravilhoso e muito virtual, o processo de design de Ricardo Andrez concentrou-se nos videojogos, modelagem 3D e os NFTs do mundo da arte. O mundo hiper-real ganha forma numa espécie de momento IRL, que tem como consequência a nova realidade, totalmente reenquadrada pela tecnologia. Andrez Studio evoca acabamentos visivelmente crus nas peças de vestuário, mas sem nunca perder a atenção ao detalhe, uma vez que a marca tem confeção nacional. A reconstrução também é predominante e, acima de tudo, uma atualização do DNA da marca. Procurar materiais conscientes nunca foi tão importante como agora no processo criativo, e Andrez apresenta peças-chave em algodão orgânico. Materiais termicamente sensíveis foram usados para criar uma nova atmosfera de acordo com a temperatura de quem os usa. Neste momento, numa indústria supersaturada como a Moda, estamos perante uma nova forma de pensar e criar com “sustentabilidade”. Por isso, para sensibilizar e fazer uma abordagem de slow fashion ao público, esta coleção foi produzida a partir de tecidos deadstock.

Destaque também para Constança Entrudo, que apresentou a sua coleção através de uma instalação multimédia. Para a primavera/verão 2022, a designer convida-nos para uma apresentação que explora a relação entre a palavra escrita e a forma visual. Nesta coleção, Constança desenvolveu uma nova instalação multimédia composta por cinco elementos: têxteis, performance, som, escultura e poesia visual. Com esta performance, Constança pretende privilegiar um momento no tempo — criar um glitch — num mundo onde tudo acontece num agora agora agora agora agora agora. O resultado é uma coleção profundamente pessoal, na qual poemas visuais escritos em colaboração com a artista Isabella Toledo aparecem por meio desses temas de fragmentação e distorção e tecidos feitos à mão que se desfazem e interagem com o design do cenário de forma ilusória e lúdica.

Na nova coleção de verão, Ricardo Preto apostou em paletas pasteis, cor-de-rosa, lilás, vermelho, fúchsia, azul céu e laranja do pôr-do-sol. As silhuetas desenham-se...fluem leves e as estruturas dão espaço ao movimento do corpo. As popelines, denim, twill, sedas, cetins e tecidos técnicos são as matérias primas desta estação, numa coleção intitulada de "Sommersault".

Duarte ainda teve lugar para a sua apresentação maioritariamente unissexo. Nesta coleção, o cão da designer, Tadao, é o Guardião do Mundo e combate os problemas ambientais criados pelo Homem, enquanto tenta manter o mundo seguro, uma pata de cada vez. O protetor da sustentabilidade vai lutar contra o Homem Smog (poluição do ar), o Homem Fogo (alterações climáticas), o Homem Desflorestação (destruição das florestas) e o Homem Onda (excesso de consumo de água). Nesta coleção, maioritariamente com peças unissexo, com um estilo urbano sustentável e cool, vai descobrir uma mistura equilibrada de materiais. Não devemos esquecer a influência da poesia concreta dos anos 60, inspirada em manifestos e poemas de europeus e brasileiros, bem como a vibrante cena artística internacional de Nova Iorque, os protestos anti-guerra e pró-direitos civis e o fascínio da cultura popular pelos sistemas e Tecnologia. A poética literária reduz a linguagem a um sistema de código semiótico eloquente e linguagem visual universal.
Na plataforma Workstation foi possível assistir às criações de Filipe Augusto e Fora de Jogo.A coleção de Filipe Augusto surge de uma viagem à aldeia onde o mesmo nasceu, na qual teve oportunidade de ver um conjunto de memórias da terra e das suas tradições através de uma exposição fotográfica.

Continuando no estudo elementar sobre identidade, UNI-FORM, de Fora de Jogo, reflete os próprios códigos formulados pela marca (FDJ = Fora de Jogo), traduzindo-os para uma nova dimensão, transpondo assim a essência e definição de uniforme. Emergindo nos conceitos de comunidade, união e o que significa pertencer e enquadrar um determinado grupo, com esta coleção FDJ reflete sobre o que poderia potencialmente ser o seu uniforme. Refletindo sobre liberdade pessoal, espírito de rebeldia contra um sistema imposto e sobre a noção do Eu, a marca continua a procurar erradicar conceitos como a masculina tóxica e a masculinidade frágil, conceitos profundamente enraizados na nossa sociedade e cultura e diretamente interligados com o universo do futebol.

O último dia do evento vai contar com as apresentações de Valentim Quaresma, Buzina, Nuno Gama, Gonçalo Peixoto, João Magalhães e Nuno Baltazar, no Capitólio, em Lisboa. Neste dia ainda haverá a apresentação do designer Aleksandar Protic, apenas em formato digital.

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