É um dos mais agraciados designers de moda nacionais, já ganhou vários prémios e, recentemente, voltou a ser considerado a personalidade do ano. Ainda assim, apesar do sucesso, Miguel Vieira, que já desenhou calçado, óculos, quartos de hotel, mobiliário e até cerâmica, ainda tem um sonho por realizar. "Falta-me a cosmética, gostava de ter uma parceria com uma marca e ter a minha linha de maquilhagem", assume.

Em entrevista à edição de maio da revista Saber Viver, já nas bancas, o criador de moda português explica ainda as influências da coleção que desenvolveu para o outono/inverno de 2019/2020. "As minhas coleções sempre tiveram cor, mas acabo sempre por ir buscar o preto e o branco porque são as cores com as quais me identifico e que as pessoas reconhecem como sendo minhas", justifica o estilista de 53 anos.

"Este ano, fui buscar outra vez um tema que é o inverno em África, que é quente. As cores, as texturas e os estampados africanos, tudo [lá] é inspirador", afirma Miguel Vieira. O futuro da moda em Portugal também foi tema de conversa. "As pessoas comprarão menos peças e com mais qualidade. Tem que haver menos produção e, por outro lado, uma maior consciência ecológica dos próprios designers", defende.

"Estes devem ter a noção que, se produzirem uns jeans, vão gastar mais recursos do que umas calças normais. Devem, por isso, escolher tecidos amigos do ambiente", aconselha o estilista, que também critica a fraca aposta que se continua a fazer no desenho de produto. "A nossa tradição de moda não é design, é fazer t-shirts para as marcas massificadas a preços baratos. Somos os chineses da Europa", condena ainda.