Reformado do mundo da moda desde 2004, o estilista estava "com a saúde enfraquecida" há dois anos, disse uma fonte familiar à AFP.

"Embora tenha deixado a maison, ele continuava a ser uma fonte de inspiração. É uma grande perda", comentou um porta-voz da marca Emmanuel Ungaro.

Nascido a 13 de fevereiro de 1933, numa família de imigrantes italianos de Aix-en-Provence (sul de França), aprendeu com o pai, alfaiate, as bases da profissão. Instalou-se em Paris em 1956, onde foi formado por Cristóbal Balenciaga.

"Não se deve usar um vestido, deve-se habitá-lo", costumava dizer o estilista, que considerava seu trabalho um artesanato.

Sensualidade

Em Ungaro, "a sensualidade está por toda parte", diz uma amiga, a escritora Christine Orban, numa curta biografia dedicada ao estilista. "Uma simples malha Jersey, pela suavidade do seu material, convida a uma carícia; um vestido foi feito para se movimentar, acompanhar o corpo no seu movimento, mostrar e dissimular: porque ama as mulheres, Emanuel conhece os limites da tolerância masculina, criará uma peça muito bela para ser arrancada, mas bastante astuta para sugerir que seja removida com ternura", continua.

Após trabalhar durante seis anos para o estilista espanhol Balenciaga e depois uma breve passagem pela Courrèges, Ungaro abriu, em 1965, a sua própria maison, em Paris.

Nas suas criações destacam-se as misturas de padrões e as cores vivas, que abrem novos horizontes na alta-costura. O seu estilo seduziu atrizes elegantes e ricas, como a sua amiga Anouk Aimée. Também vestiu outras atrizes nas telas, principalmente Gena Rowlands, Catherine Deneuve e Isabelle Adjani.

Em 1968, lançou uma linha feminina de prêt-à-porter, antes de embarcar no prêt-à-porter masculino, em 1973.

Ungaro, que se descrevia a si mesmo como um "obsessivo sensual", recebeu em 1980 o prémio  "Dé d'or" de melhor casa de alta-costura.

Ao longo dos anos, o estilista construiu um império da moda, que incluía perfumes, sapatos e óculos e foi adquirido, em 1996, pela família Ferragamo.

A partir de 2001, Ungaro, casado e com uma filha, começou a distanciar-se do mundo da moda, e acabou por reformar-se da alta-costura em 2004, por considerar que já não correspondia "às expectativas das mulheres".