Não é um excesso de linguagem afirmar que comer é também nutrir com amor. Neste mundo de alimentação industrializada, afastada da origem e preparada em linhas de montagem globais, esquecemos que, o princípio, está precisamente esse amor. Por exemplo, o da preocupação primeva dos pais em nutrir com carinho os seus rebentos. É de coração e olhos postos nesta premissa que Lisboa viu abrir uma casa que faz das palavras “liberdade” e “consciência” alimentares a sua insígnia.

Lisboa: Mami o restaurante que nos ensina que comer é também nutrir com amor
Presunto de Barrancos.

Chama pelo nome de Mami Organic Food. Mami numa alusão ao carinho materno, cuidador e atencioso. Organic Food por ligação direta à matriz alimentar desta casa instalada no Picoas Plaza, nascida de um pacto entre quatro amigos, preocupados com a dimensão saúde na alimentação e que não quiserem, desde o primeiro momento, acomodar o seu restaurante à ideia de “mais um na já tão concorrida oferta gastronómica lisboeta”.

Fixemos esta ideia, não vamos aqui entrar num restaurante vegetariano ou vegano. É, antes, uma casa de cozinha biológica e responsável para com o humano e o ambiente.

Lisboa: Mami o restaurante que nos ensina que comer é também nutrir com amor
Uma salada é mais do que alface sobre o prato, é a oportunidade de combinar ingredientes e sabores.

Contas feitas são 700 metros quadrados de estabelecimento, 200 lugares, sinónimo de restaurante, hamburgueria, cafetaria, pastelaria, padaria, winebar e um bar 100% apostado no orgânico. Uma máquina que labora a partir das 10h30 com a padaria e cafetaria, entregues às mãos laboriosas do chefe Francisco Pavia e suas farinhas moídas em moinho de pedra (génese de bons pães rústicos, mas também de alfarroba, abacate e cenoura) e que só encera às 00h00 com o bar 100% orgânico a servir os cocktails de Bruno Francesc. Isto com um elenco de 50 referências de bebidas espirituosas e semi-espirituosas. A não desmerecer, todos os dias, os sumos naturais de Paulo Freire, de frutas, legumes, entre outros ingredientes. E, não se sobressalte o comensal que faz dos cuidados para com o ambiente ponto de honra. Palhinhas só de milho ou pasta de papel. Plásticos ficam à porta.

Lisboa: Mami o restaurante que nos ensina que comer é também nutrir com amor
Uma das grandes apostas desta carta do Mami, os hambúrgueres.

No Mami há toda uma experiência de restauração com a carta de hambúrgueres e “principais”, trabalhada pelo chefe de cozinha Diogo Conde e completada pelo labor do sommelier Rui Coelho, viajante incansável no que respeita à procura de novas referência para a carta de vinhos orgânicos e biológicos. Aqui vamos encontrar, neste item, uma oferta corpulenta, com dezenas de propostas com prevalência nacional.

Cada metro quadrado deste Mami é aproveitado para diversificar a experiência “libertadora”. Porquê? Porque contraria os princípios de uma má dieta alimentar responsável pelos problemas metabólicos e doenças crónicas, carente de bons nutrientes e que, a prazo, nos deixam cativos de contas superlativas de farmácia e muitas horas em atendimentos médicos.

mami

Como consegue este compromisso com a saúde? Com uma carta que reflete as origens do produto e as escolhas conscientes dos proprietários. Ou seja, 70% do produto é angariado em proximidade, ou seja, em território nacional; proveniente de comércio justo, o mesmo é dizer em relação direta com o fornecedor, e com uma parte substancial da matéria-prima de produção biológica. Acresce que as doses de alimento chegam à mesa em compromisso com equilíbrio nutricional no prato.

Caso, também, para se dizer, uma zona livre de pesticidas, herbicidas, fungicidas. Em suma do cocktail de químicos que nos aparece quase como uma imposição na alimentação desde século XXI.

Foquemo-nos, neste primeiro momento, nos aperitivos de mesa. Isto no espaço restaurante. Pode o comensal pedir uma Seleção de queijos tradicionais portugueses, acompanhados de compota e tostas caseiras (9,50 euros), ou uma dose de Presunto de Barrancos de animais alimentados a bolota (16,50 euros). Ainda nos introdutórios, um Torricado de pão, brás de legumes e rúcula (7,50 euros). A não desmerecer, nas “escolhas leves”, entre outras, uma Salada do Campo, com frango grelhado, maçã verde, chouriço, tomate e queijo (7,00 euros), ou uma Salada coleslaw fermentado, com alcatra grelhada, mostarda, sésamo e mix de alfaces (5,00 euros).

Lisboa: Mami o restaurante que nos ensina que comer é também nutrir com amor

Uma das apostas deste Mami recai na seleção de Hambúrgueres trabalhados com labor de chefe de cozinha. Apresenta-nos a carta meia-dúzia de propostas, assentes no tema produtos e territórios. Prove-se, por exemplo o Hambúrguer “Açores” para vermos no prato a carne de vaca bio el bolo lêvedo, relish de tomate, malagueta, lima, aros de cebola de curtume, queijo picante velho, rúcula e alfaces (11,50 euros). Se as papilas gustativas pedirem um Hambúrguer “Sesimbra!, saiba o leitor que encontra espadarte em pão de brioche, zucchini salteado com pesto Genovês limonado, amendoim tostado, feta, alface, agrião e espinafres (15,00 euros). Em suma, um périplo gustativo que se completa com os hambúrgueres “Alentejo e Algarve”, “De Barrancos à Terra Saloia”, “Norte de África”, “Médio Oriente Vegan”.

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Tarteletes de morango.

Há mais, a carta tem boa amplitude na oferta e apresenta-nos “Os Principais”, onde se inclui o Naco de Espadarte, o Bacalhau, o Lombo de atum grelhado, o Tártaro de Novilho, o Entrecôte de novilho. Isto com preços a variarem entre os 12,00 e os 19,00 euros. Para acompanhar, chips de tubérculos (1,50 euros), Salada de alface grelhada com vinagrete de mel, mostarda e noz (2,00 euros), Gratin de batata-doce com queijo picante velho (2,50 euros), Pote de legumes grelhados, brócolos, couve-flor, cenoura e curgete (3,50 euros).

Mami Organic Food
Rua Viriato, 13 - Picoas Plaza, Lisboa
Horário: das 10h30 às 00h00 (cozinha até às 23h00). Esplanada e Cafetaria até às 22h00.
Bar das 12h00 às 00h00.

Referência com sublinhado às sobremesas. A mão criativa de Francisco Pavia não dá descanso aos fornos instalados na cozinha e o cliente pode, finda a refeição, debruçar-se sobre as vitrinas da pastelaria escolhendo ai o seu pecado guloso. Alguns exemplos: Éclair de espelta, abóbora e pera do Oeste (5,00 euros), Texturas de cacau, cumaru e beterraba em cremoso de chocolate (5,00 euros), Pavlova de matcha, citrinos e queijo amanteigado (5,00 euros). Para acompanhar um cafezinho 100% bio.