A coordenadora do Agrupamento de Produtores Pecuários do Norte Alentejano - Natur-al-Carnes, Maria Vacas de Carvalho, indicou à agência Lusa que as vendas no distrito de Portalegre “estão melhores” do que na Páscoa do ano passado, já marcada pelo covid-19.

Contudo, ainda estão longe dos anos anteriores, antes de a pandemia surgir no “mapa”.

“As vendas estão melhores em relação ao ano passado, mas não está a ser um ano espetacular, não está fantástico. Não está como era normal”, afiançou.

As exportações têm dado uma “grande ajuda” ao setor, segundo a responsável, que assinalou que a principal dificuldade são as vendas que a Natur-al-Carnes efetua com as grandes superfícies e talhos.

“Aí sim, é que sentimos essa dificuldade, porque quem compra quer sempre ‘esmagar’ o preço, as famílias estão sem dinheiro para bens alimentares”, lamentou.

Apesar deste problema, o preço do borrego “está melhor”, face a 2020, uma vez que, nessa altura, foi “muito complicado”, porque foi nesta altura do ano que começou a pandemia, comparou.

“Se a Páscoa fosse dentro de 15 dias seria bastante melhor, porque os borregos ainda estão muito pequenos”, afirmou também Maria Vacas de Carvalho, referindo que, no caso da Natur-al-Carnes, a média do preço por quilo de borrego vivo ronda os 3,27 euros.

Empresa do Alentejo vende borregos todo ano e nem a pandemia a trava
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Mais a sul, no distrito de Beja, a venda de borregos “tem corrido de forma excelente” nesta época, garantiu à Lusa António Lopes, presidente do conselho de administração do agrupamento de produtores Carnes do Campo Branco, com sede em Castro Verde.

De acordo com este responsável, nesta Páscoa, “tem aumentado a procura” por borregos e os valores pagos aos produtores “têm estado mais altos” do que nos anos anteriores, variando entre os “3,00 e os 3,20 euros por quilo”.

Do Campo Branco, região que abrange os concelhos de Castro Verde e Almodôvar e parte dos de Aljustrel, Mértola e Ourique, estão a sair borregos para o mercado nacional, mas também para destinos como Israel ou, desde a saída do Reino Unido da União Europeia, Itália e Alemanha, indicou.

“Se tivéssemos mais animais, mais vendíamos”, frisou o presidente da Carnes do Campo Branco, agrupamento que vende uma média de 10 mil borregos por ano.

O presidente do agrupamento reconheceu ainda que a pandemia “não está a afetar o setor” e até “tem valorizado alguns produtos”, como é o caso do borrego.

Também no distrito de Évora as vendas correram “mesmo muito bem” no período que antecedeu a Páscoa, sobretudo “pela exportação”, mas “também pelo consumo a nível local”, disse à Lusa António Camelo, da Associação de Produtores do Mundo Rural da Região de Montemor-o-Novo (APORMOR).

Apesar de “muita procura”, a oferta também foi elevada e acabou por ser “tudo vendido a bons preços”, pelo que a pandemia “não se refletiu propriamente” no setor, acrescentou.

“Fizemos dois leilões este mês, a adesão foi grande e os preços elevados. Foram vendidos cerca de 5.500 animais por uma média de 90 a 100 euros por animal com 30 quilos. O preço não foi superior ao do ano passado, mas igualou”, quantificou o responsável.

Desta forma, “os preços mantiveram-se altos nesta altura do ano, tanto no ano passado como agora”, apesar de também em 2020 a época da Páscoa já ter sido vivida em pandemia, o que tem sempre alguma influência no consumo da carne de borrego.

“A pandemia vem sempre influenciar porque os restaurantes estão fechados e, obrigatoriamente, há menos consumo. Mas não se reflete nas vendas, porque uma grande parte ou a maior parte dos animais são para exportação”, comentou António Camelo.