É um restaurante exclusivo de decoração moderna e sofisticada. Mal se entra na pequena zona de receção, em lugar de destaque numa montra de produtos gourmet internacionais, uma garrafa de vinho do Porto, produzido a 15.504 quilómetros, praticamente no outro lado do mundo, chama a atenção. Localizado numa zona privilegiada com vista para a lagoa de Moorea, uma das ilhas mais conhecidas da Polinésia Francesa, o Le Coco’s Moorea é considerado o melhor da região.

À exceção do Porto Cruz Vintage 1989, não serve mais nenhum vinho português. A maioria dos que integram a carta são, sobretudo, franceses, americanos e argentinos. «O nosso sommelier é fã do vinho do Porto. Do bom vinho do Porto!», justifica Nicolas Busse, gerente do restaurante, ele próprio apreciador desta bebida, mas só depois do francês responsável pela seleção da garrafeira lhe ter dado a provar algumas das colheitas mais requintadas.

As versões mais correntes que tinha degustado inicialmente, ainda em França, nunca o tinham seduzido, admite. Agora, bebe um cálice regularmente. No restaurante Le Coco’s Tahiti, o primeiro da mesma empresa a abrir portas, o vinho do Porto também integra a lista de vinhos. Apresentando uma ementa «muito virada para a descoberta, com muita vontade de surpreender», como sublinha Nicolas Busse, os dois espaços de restauração, sob a supervisão do chef local formado em França Heiarii Hoiore, apostam numa cozinha de fusão que incorpora ingredientes locais em confeções inspiradas em vários pratos do mundo.

O primeiro que abriu, em 1982, há mais de 30 anos, em Punaauia, no Tahiti, já serviu celebridades como a cantora Diana Ross, a ator Marlon Brando, o cantor Kenny Rodgers e o ex-presidente argentino Carlos Menem. Nos últimos anos, em parceria com o marido, Thierry Sauvage, Bénédicte Massonnet-Sauvage, que é também a chef pasteleira das duas unidades, realizou o sonho de ter o seu próprio restaurante.

As especialidades que pode saborear neste restaurante

Depois de 10 anos a viver em África e depois de uma breve passagem em França, Bénédicte Massonnet-Sauvage acabou por eleger o Tahiti como a sua terra e Le Coco’s como o seu mais ambicioso projeto. As refeições, que incluem especialidades como creme de milho com rendilhado de pão, legumes crocantes e pipocas sopradas com manteiga salgada e sopa de peixes da lagoa com leite de coco e crotões de pão com gengibre fresco ou ainda vitela confecionada com gordura de pato com bulgur biológico, sumo de especiarias do oriente e fondue de legumes e de hambúrguer de pato, surpreendem pela apresentação.

As verdadeiras obras de arte são, contudo, as sobremesas, apresentadas como se de verdadeiras criações artísticas se tratassem. «Apostámos em formas geométricas na nova carta», revela a chef. A prova está no le carré Coco’s, uma sobreposição de retângulos de biscoito e creme de pistácio com um coração de framboesa, sorvete de morangos e cobertura de pistácios caramelizados.

Ainda assim, não bate a espetacularidade do triangle d’or, uma maçã servida em massa de bolo de amêndoa com brandy, acompanhada por um triângulo de chocolate, caramelo e sorvete de maçã com nougatine de avelãs. A especialidade doce mais visual é, no entanto, a famosa esfera de chocolate. Um recipiente de chocolate negro com mousse leve de coco, trufas de coco com limão verde, merengue crocante, caramelo feito com leite de coco e sorvete do mesmo fruto.

«Apresentar uma ementa com esta qualidade é um desafio porque é muito difícil abastecer-se numa ilha», desabafa, contudo Bénédicte Massonnet-Sauvage. O menu mais barato, que inclui uma entrada, um prato e uma sobremesa à escolha, custa 5.950 francos locais, cerca de 50 €. O menu de degustação, o mais completo dos quatro disponibilizados, inclui duas entradas, um prato de peixe, um prato de carne, uma tábua de queijos e uma sobremesa e chega aos 13.950 francos do pacífico francês, cerca de 117 €.

Texto: Luis Batista Gonçalves