“Sinto um vazio”.

“Não tenho vontade de fazer nada”.

“Assim que chego à rua só me apetece voltar para casa”.

“Parece que deixei de gostar de estar com os meus amigos”.

Frases como estas refletem o estado psicológico e emocional de várias pessoas afetadas pela condição de languishing. Não estão clinicamente deprimidas, mas também não estão felizes. Experienciam uma sensação de um estado nim. Falta-lhes motivação e tudo parece assumir-se como algo difícil de levar a cabo como, por exemplo, realizar tarefas, planear uma viagem ou conviver com a família ou com os amigos.

Na tentativa de relativização do mal-estar que sentem, procuram estratégias que ajudem a lidar com a inércia e a desmotivação e a aceitar os estados de humor e as circunstâncias, tal como se apresentam.

“O que é que posso fazer? As coisas vão correndo como vai sendo possível, é a vida”. Este tipo de desabafos pronunciados são tentativas de conformidade a um estado mental que não oferece um sentir e um estar de plenitude com a vida.

O que é o languishing?

Languishing (o significado em português é definhamento) é o termo criado pelo psicólogo Corey Keyes, para referir o “vazio”, “entorpecimento” e “desinteresse” que as pessoas afetadas mencionam sentir.

O languishing caracteriza-se por estados emocionais e comportamentais que, apesar de não preencherem critérios de diagnóstico de depressão ou de outra patologia do foro psicológico, comprometem o bem-estar da pessoa. No entanto, constitui-se como um fator de risco para o surgimento futuro de doenças mentais.

Por outro lado, se tivermos em consideração que a Organização Mundial de Saúde (OMS), define a saúde como o bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença, facilmente compreendemos que o estado de languishing não é representativo de felicidade, bem-estar com o próprio, com os demais e com o mundo.

Sintomas

Numa condição de languishing pode surgir fadiga, menor predisposição para brincadeiras ou diversão, maior tendência para o envolvimento em tarefas e hobbies sem a presença de terceiros, diminuição de estados de alegria, do humor positivo e da motivação e défice na capacidade de concentração. Insatisfação constante, falta de objetivos, olhar ao espelho e não gostar do que vê ou ter a sensação de se ir arrastando pelos dias, podem ser, também, sintomas de um estado de languishing.

Que estratégias podem ajudar?

Há várias estratégias que podem, efetivamente, ajudar quem está numa condição de languishing, nomeadamente, cognitivas, emocionais e comportamentais. São diferentes para cada pessoa, considerando a variabilidade das características de personalidade, os recursos internos e externos de que dispõe, e a capacidade de gerar respostas adequadas às circunstâncias. No entanto, e regra geral, são exemplo: a identificação de emoções geradoras de desconforto ou sofrimento, o autocuidado, a realização de atividades prazerosas, os afetos positivos e genuínos, o suporte familiar, social e de amigos. A valorização de pequenos momentos, contextos e acontecimentos são, igualmente, importantes fatores facilitadores de maior saúde física, mental e social.

A saúde mental é a base do bem-estar geral.

Perante um quadro de sintomas que possam comprometer a estabilidade emocional e o estabelecimento de saudáveis, não hesite…procure beneficiar da consulta psicológica. Cuide bem de si!

Um artigo da psicóloga clínica Lina Raimundo, da MIND | Psicologia Clínica e Forense.