Manter-se ocupado é meio caminho andado para diversificar interesses e para manter uma mente ativa. Álvaro Carvalho, entrevistado para a edição impressa da Prevenir enquanto coordenador do Programa Nacional para a Saúde Mental da Direção-Geral da Saúde e docente de Saúde Mental e Psiquiatria na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, revelou à revista os seus rituais e segredos para manter a saúde mental.

1. Faça uma melhor gestão do tempo

Como os dias não esticam, há que fazer as melhores opções. "Tenho funções de gestão pública, mas mantenho a atividade clínica, que me faz sentir muito realizado. Quando se faz o que se gosta, a motivação aumenta e o stresse diminui. Por outro lado, diversificar os focos de interesse reduz o cansaço. Além do consultório, complemento as funções públicas com o trabalho em associações", disse, na altura, o especialista.

2. Não descure o contacto social

Lidar com os outros face a face é outra das formas de estimular a atividade cerebral. "Sou muito relacional. Gosto muito de interagir com pessoas. Tenho visitas de trabalho a locais variados do país e conheço pessoalmente a maioria dos meus colegas responsáveis por serviços de saúde mental. Na Direção-Geral da Saúde, há um grupo de pessoas com quem tenho uma relação cordial e a quem digo umas chalaças ao almoço", revelou.

3. Dedique mais horas ao lazer

O trabalho, por mais importante que seja, não é tudo, como alertam muitos especialistas em saúde mental. "Gosto de cozinhar e de estar com a família. Sou penta-avô, o que é muito estimulante e gratificante. E, se tenho tempo, vou ao cinema", afiança. "Esqueço a profissão ao fim de semana e nas férias mas, se tenho uma preocupação, disponibilizo-me para intervir e isso não me é penoso", desabafa ainda Álvaro Carvalho.

4. Descanse durante a noite

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O sono é essencial ao descanso e, à semelhança de outros órgãos do organismo, também o cérebro precisa de descansar. "A nível da saúde mental, quando fazemos coisas de que gostamos, dormir menos do que é teoricamente recomendado não é necessariamente negativo", considera o especialista.

"É raro conseguir dormir antes da uma da manhã. Durmo entre seis a sete horas por noite mas, em fases de maior preocupação, acordo espontaneamente mais cedo", revelou ainda, na altura.

5. Pare (mais) para pensar

Na correria do dia a dia, nem sempre sobre tempo para a reflexão. Um erro, na opinião do especialista. "É muito importante as pessoas conhecerem-se melhor através da análise dos seus mecanismos mentais e da forma como gerem as dificuldades. Acredito que a vida mental é dinâmica, que temos capacidade de nos pensarmos e reformularmos, e que a referência a um diagnóstico muito concreto, que é estático, é prejudicial", diz.

6. Tenha uma atitude antidepressiva

A sua mente é muito mais poderosa do que aquilo que possa acreditar. "Muitas depressões decorrem da dificuldade em gerir conflitos e do facto de se descarregar a tensão ao lado do que a gerou. Nem sempre há condições para resolver, mas é importante não engolir em seco e, com adequação, mas determinação, procurar derimir as divergências, que são inevitáveis no processo de estar vivo", aconselha Álvaro Carvalho.

Texto: Rita Miguel