O médico João Nuno Maia e Silva, professor de Dermatologia e Venereologia na Faculdade de Medicina de Lisboa e membro da direção Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), recomenda que se examine a pele da cabeça aos pés todos os meses.

"Basta usar uma luz brilhante, um espelho de corpo inteiro, um espelho de mão, duas cadeiras ou bancos e um secador de cabelo. Procure algo de novo, diferente ou incomum na sua pele e procure. O sinal que não existia e que tenha começado a crescer, o sinal que se tenha modificado ou que seja diferente de todos os outros sinais, a ferida que não cicatriza", explica.

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"Não deve desvalorizar qualquer destes sinais de alerta. Não deve negar a sua existência", acrescenta.

Para a APCC, a pandemia COVID-19 não deve ser desculpa para deixar de procurar ajuda. "As unidades de saúde estão a criar condições para receber em segurança os doentes não-COVID pelo que não deve adiar a sua consulta", garante o médico.

Em caso de suspeita, deve consultar o seu médico assistente ou o seu dermatologista. Se o seu médico assistente ou o seu dermatologista não estiverem acessíveis devido ao COVID-19, verifique se estão a oferecer a opção da teleconsulta. Durante este período excecional que vivemos, e embora de qualidade inferior a uma consulta presencial, a teleconsulta poderá ajudar a sinalizar uma situação urgente.

Dados da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) indicam que, por ano, surgem 12.000 novos casos de cancro da pele em Portugal, mil dos quais melanomas que provocam cerca de 250 mortos anualmente.

O que fazer caso note que tem um sinal novo?

Tire fotos com o seu telefone de algo novo, diferente ou fora do comum na sua pele e monitorize a sua evolução no tempo. Compartilhe as fotos com o seu médico assistente ou com o seu dermatologista, que pode examiná-la e fornecer conselhos à distância.

Os seus médicos assistentes serão os indicados para definir se carece de observação presencial e tratamento urgente. 

Este ano é o 21º ano consecutivo em que se organiza, a nível Europeu, o Dia do Euromelanoma, Dia dos Cancros da Pele. Este dia decorre, no mês de maio, em todos os países, ajustando, ano a ano, a data precisa em função de eventos locais.

Este ano não haverá os habituais rastreios presenciais, atendendo ao tempo de distanciamento social que estamos a passar, seguindo as orientações da DGS.

Conselhos para diminuir o risco

- A APCC aproveita a oportunidade para divulgar recomendações para uma adequada proteção solar. Também reforça a necessidade de realizar o auto-exame regular da sua pele.

- Deve evitar, se possível, a exposição solar entre as 11h e as 16h.

- A primeira linha de proteção deve ser a procura da sombra e a utilização de vestuário protetor.

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- As roupas de proteção incluem o chapéu de abas largas e os óculos de sol (certifique-se que fornecem 100% de proteção UV) e, sempre que possível, mangas e calças mais compridas.

- Aplique uma camada generosa de protetor solar 20 minutos antes de sair e novamente quando sair. Garante que está a aplicar uma quantidade suficiente. E ajuda a cobrir as áreas da pele que, de forma inadvertida, não receberam protetor solar na primeira aplicação.

- Deve aplicar o protetor solar antes de colocar a máscara facial sob risco de deixar áreas da face desprotegidas.

- Deve reaplicar protetor solar regularmente, pelo menos a cada duas horas. Deve manter este cuidado mesmo estando a usar máscara.

- Utilize um protetor solar adaptado à sua pele, em especial se tiver alguma condição que possa agravar ou que esteja associada a intolerância a algum tipo de creme. Este cuidado ainda se torna mais importante em período de utilização de máscara facial.

- Recomendamos, no mínimo, um SPF 30, com boa proteção UVA.

- As viseiras não protegem da radiação ultravioleta. Como a radiação ultravioleta atravessa as viseiras, mesmo que as esteja a usar, deve manter sempre os cuidados anteriormente descritos.

- Se estiver a praticar exercício ou a suar enquanto trabalha, deverá reaplicar o protetor solar com maior frequência, pois é fácil remover ou limpar o protetor solar nessas circunstâncias.

- Se não estiver a usar um chapéu de abas largas, não se deve esquecer de aplicar protetor solar em áreas como orelhas, nuca e em áreas de calvície. Estas áreas, muitas vezes descuradas, são uma localização frequente do cancro da pele.

A APCC, em colaboração com SPDV e com o apoio da DGS, preparou folhetos informativos para ajudar a fazer o Auto-exame, no sentido de identificar lesões suspeitas de Cancros da Pele Consultar: www.apcancrocutaneo.pt