O requerimento a solicitar esta audição na Assembleia da República (AR) foi feito depois de, na sexta-feira, o CHUA ter reconhecido a necessidade de suspensão de cirurgias programadas no Hospital de Faro, entre as 16:00 de quinta-feira e hoje, nos casos em que essas cirurgias, após análise clínica, pudessem “ser reagendadas sem comprometer o doente”.

“Todos os utentes com indicação cirúrgica urgente e os internados com agendamento serão operados” no Hospital de Faro, assegurou na ocasião o CHUA, justificando a suspensão temporária com “uma decisão interna provocada pela ocupação elevada” na unidade hospitalar da capital do distrito de Faro, prevista no Plano de Contingência.

O Centro Hospitalar frisou que, na sua principal unidade do barlavento algarvio, o Hospital de Portimão, a situação de ocupação elevada já estava ultrapassada, não tendo a decisão da suspensão efeitos nas cirurgias agendadas.

Mas as respostas do CHUA não foram suficientes para o grupo parlamentar social-democrata, que divulgou hoje o requerimento a pedir a “audição urgente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve e da Ordem dos Médicos, a propósito da suspensão das cirurgias programadas dos Hospitais de Faro e de Portimão”.

O PSD recordou que, em 08 de maio, já tinha pedido à Comissão de Saúde da Assembleia da República para “realizar um conjunto de audições a propósito dos atrasos verificados na realização de exames a doentes oncológicos” no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e no CHUA, mas esta nova determinação para “suspensão das cirurgias programadas dos Hospitais de Faro e de Portimão” levou o partido a apresentar este pedido de audição.

“Aparentemente, a situação já teria sido ultrapassada no Hospital de Portimão, mantendo-se no Hospital de Faro, sendo certo, em todo o caso, que a sua ocorrência evidencia bem a grave degradação em que presentemente se encontra o SNS”, considerou o PSD, qualificando a suspensão de cirurgias como “inaceitável” e uma “grave desconsideração dos direitos dos cidadãos” .

No requerimento enviado ao presidente da Comissão de Saúde da Assembleia da República, José Matos Rosa, além de pedir a audição, “com caráter de urgência, da Ordem dos Médicos e do CHUA” sobre a suspensão das cirurgias programadas, o PSD propõe também que as “audições se realizem na mesma data em que as entidades referidas sejam chamadas a prestar esclarecimentos sobre os atrasos verificados na realização de exames para doentes oncológicos no âmbito do SNS”.

O grupo parlamentar social-democrata defendeu ainda que o Governo e a administração do CHUA devem avançar com a “imediata tomada de medidas” para garantir que os doentes afetados “não fiquem privados dos cuidados de saúde a que têm direito” e “que estas situações não ocorram a outros utentes do SNS”.