Mas esses programas exibem um viés racial significativo a favor dos brancos e contra os negros, de acordo com um novo estudo publicado na revista Science nesta quinta-feira (24.10).

Ziad Obermeyer, da Universidade da Califórnia em Berkeley, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) que fez essa descoberta quase por acaso, enquanto analisava dados fornecidos por um grande hospital universitário.

O algoritmo calculou "escalas de risco" (score risk) para identificar os 3% dos pacientes com maior risco (com diabetes, insuficiência cardíaca congestiva, enfisema, entre outros), que poderiam ligar para uma linha direta para marcar consultas no mesmo dia ou agendar visitas domiciliares.

"Se olhássemos para duas pessoas, uma negra e uma branca, com exatamente o mesmo score de risco, o paciente negro tinha muito mais hipóteses de ter problemas de saúde piores nos próximos anos do que o paciente branco", disse Obermeyer à AFP.

O algoritmo não está programado para considerar a etnia e funciona analisando os custos de assistência médica gerados por um paciente no passado.

"Esse é o problema, porque pacientes negros, em média, geram menos custos do que pacientes brancos com o mesmo nível de saúde", disse Obermeyer.

Esse é o resultado de desigualdades arraigadas que significam que os negros vão a menos consultas médicas e, quando o fazem, os médicos prescrevem, em média, menos medicamentos e solicitam menos exames, escreve a AFP.

A empresa que comercializa o software aceitou uma sugestão dos cientistas que espera-se que reduza o desequilíbrio racial em mais de 80%. Mas, como Obermeyer aponta, ajustar o código é apenas o primeiro passo: precisamos de melhores dados sobre o estado de saúde real dos pacientes.