As linhas gerais de um novo plano para os resíduos foram apresentadas na segunda-feira e o documento entra em consulta pública na quarta-feira. O objetivo é nomeadamente, disse o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, reduzir a quantidade de resíduos em aterro, aumentar a recolha seletiva porta a porta e iniciar rapidamente a recolha de biorresíduos.
A proposta inclui o aumento da taxa de gestão de resíduos, o aumento da valorização energética ou o investimento na secagem de resíduos.
A Quercus vê como positivas na proposta questões como a recolha de resíduos urbanos biodegradáveis, incluindo resíduos de jardins, a aposta na recolha seletiva ou o incentivo ao escoamento de composto proveniente de valorização orgânica, mas salienta que se o esforço de Portugal não for grande espera-se uma “missão impossível” no cumprimento de metas europeias.
A organização ambientalista defende, em comunicado, um aumento substancial da taxa de gestão de resíduos e salienta que o despejo em aterro atingiu 43% no último ano, quando a meta para 2025 é de apenas 10%. E pede uma forte aposta na recolha dos biorresíduos e na obrigação de embalagens de um só material.
Num país onde só 16,5% dos resíduos provêm de recolha seletiva, onde se produz cada vez mais resíduos, onde a reciclagem se situa nos 38% (a meta europeia para 2020 é 50%), onde a deposição em aterro é de 32%, não se pode continuar uma política de gestão de resíduos que “funciona em autogestão”, diz a Quercus, que considera que a educação ambiental deve ser prioridade.
Rui Berkmeier, da associação ambientalista ZERO e especialista em resíduos, disse à Lusa que as metas de reciclagem para 2035 são de 65% e disse que para as atingir é preciso começar a trabalhar de imediato. “Qualquer projeto que se faça hoje tem de ser isso em conta”, disse à Lusa, acrescentando que não conhece em pormenor as linhas gerais do PERSU 2020+ mas que não é admissível “desviar dinheiro para soluções que não servem meta nenhuma”.
"A incineração não pode ser solução e as verbas não podem ser aplicadas nessa área", salientou o especialista, acrescentando que a ideia com que se fica em relação ao novo plano para a próxima década é que se vai “gastar milhões a queimar lixo”. É preciso, avisou, apostar na reciclagem, que tem de triplicar na próxima década, e "não desviar dinheiro” para outros objetivos.
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