“É provável um aumento de pressão sobre todo o sistema de saúde e na mortalidade. A sua magnitude é ainda incerta, mas resultará do rápido aumento do número de casos e será condicionada também pela provável menor gravidade da infeção pela variante Ómicron e pelo efeito protetor da vacinação, em especial da dose de reforço”, refere a análise de risco da pandemia.

Segundo o relatório semanal da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), na terça-feira os 151 doentes com covid-19 internados em cuidados intensivos representavam 59% do limiar crítico de 255 camas ocupadas, valor que demonstra uma “tendência estável” deste indicador.

Com 37 doentes em cuidados intensivos, o Centro é a região que apresenta maior ocupação de unidades de cuidados intensivos (UCI), estando já com 109% do nível de alerta de 34 camas, seguida do Algarve (78%) e do Norte (69%).

O nível de alerta definido corresponde a 75% do número de camas disponíveis para doentes de covid-19 em medicina intensiva para Portugal continental.

A gestão da capacidade do Serviço Nacional de Saúde pressupõe uma resposta em rede que, no caso da medicina intensiva, significa que as necessidades regionais podem ser supridas com respostas de outras regiões com maior capacidade, refere o documento.

De acordo com as autoridades de saúde, o grupo etário com mais internados em UCI é o dos 60 aos 79 anos (92 doentes), no qual se observa uma tendência estável desde as últimas semanas de novembro.

As “linhas vermelhas” indicam ainda que, na quarta-feira, mortalidade específica por covid-19 foi 21,1 mortes em 14 dias por um milhão de habitantes, o que corresponde a uma diminuição de 3% relativamente ao último relatório e indicando uma tendência estável.

“Este valor é superior ao limiar de 20 óbitos em 14 dias um milhão de habitantes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), indicando um impacto elevado da epidemia na mortalidade”, refere a análise de risco da pandemia.

A análise dos diferentes indicadores revela uma atividade epidémica do coronavírus de intensidade muito elevada, com tendência crescente a nível nacional, com Portugal a registar uma incidência cumulativa a 14 dias de 1.206 casos por 100 mil habitantes.

O grupo etário com incidência mais elevada correspondeu às pessoas entre os 20 e 29 anos, com 2.327 casos por 100 mil habitantes, avança o relatório, que indica também que a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 foi de 6,7%, quando na semana anterior era de 3,4%, encontrando-se acima do limiar definido de 4% e com tendência crescente.

A covid-19 provocou mais de 5,42 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.937 pessoas e foram contabilizados 1.358.817 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.

Uma nova variante, a Ómicron, considerada preocupante e muito contagiosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 110 países, sendo dominante em Portugal.