“Dezanove milhões de euros é, portanto, muito significativo”, disse Carlos Santos, durante o ‘webinar’ “A gestão hospitalar no tempo com a COVID-19″, promovido pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM).

O novo dirigente, que iniciou funções na sexta-feira, referiu que o CHUC tem um “controlo sobre o aumento de encargos durante estes quatro meses diretamente relacionados com a doença″.

Respondendo ao moderador Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Carlos Santos frisou que os custos hospitalares “vão aumentar, porque há um conjunto de encargos adicionais aos quais tem de se fazer face que não se faziam em situação fora de pandemia”.

“Não é possível manter os mesmos níveis de produção com a ameaça com que estamos a trabalhar e com estes recursos”, sublinhou o presidente do CHUC, salientando que “tudo aquilo que se faz é com maior lentidão e com esforço maior entre cada ato”.

No debate, que juntou também os presidentes do Centro Hospitalar de Leiria e do Hospital Distrital da Figueira da Foz, Carlos Santos disse que vale a pena apostar na autonomia das unidades hospitalares, porque se sabe que “elas respondem”.

“É importante existirem mecanismos de responsabilização, de prestação de contas, mas só com autonomia de decisão se podem tomar decisões racionais para gerir os recursos”, salientou.

Na resposta à pandemia da covid-19, o responsável do CHUC considera que as unidades hospitalares estiveram em grande nível, pelo que “beneficiariam de autonomia de decisão”.

Carlos Santos considera ainda que esta crise “confronta o sistema público com uma necessidade de repensar o seu modelo de financiamento, deixando tanto de o ser no volume e passar a centrá-lo mais no valor”.

“Há experiências que vale a pena testar, baseadas em modelos mistos com componentes de financiamento por capacitação, financiamentos específicos para unidades hospitalares com centros de referência, como é o caso do CHUC, que tem 18 centros de referência, e, portanto, tem de haver consequências desta diferenciação”, sustentou.

O presidente do conselho de administração adiantou que os CHUC estão a retomar a atividade e que junho já foi um mês “sensível na retoma”, referindo que os meses de setembro, outubro e novembro vão ser “absolutamente decisivos para fazer uma análise da capacidade de recuperar uma parte dos processos da atividade não realizada e de que forma e a que preço é que pode ser feita”.

Sobre se a conjugação temporal da pandemia de covid-19 com a gripe sazonal vai ser a “tempestade perfeita”, o presidente do maior centro hospitalar do país disse não ter estudos relativamente a essa situação, que “é uma incógnita”.

“O facto de se estar já a preparar e a trabalhar no plano de prevenção das temperaturas extremas adversas para o outono/inverno é um instrumento de tranquilidade, porque não há outra forma de lidar com o imprevisto do que seja planear, estar preparado para o pior e depois esperar que o pior não ocorra”, rematou.

O CHUC agrega os hospitais da Universidade de Coimbra, dos Covões e hospital pediátrico, além das maternidades Bissaya Barreto e Daniel de Matos, e do hospital Sobral Cid.