“Portugal nunca foi o caixote do lixo da Europa e, com as medidas que tomámos, nunca o virá a ser”, assegurou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, no âmbito de uma audição na comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, na Assembleia da República, em Lisboa.

Em causa está a suspensão, até 31 de dezembro deste ano, das autorizações de importação de resíduos, destinados a eliminação em aterro para "salvaguardar a suficiência nacional" em matéria de instalações.

“Não é por razões de saúde pública, mas porque receamos que no pós-COVID haja um aumento dos resíduos descartáveis. Se assim for, poderemos precisar de uma reserva disponível em aterro e, por esta razão, a medida que tomámos vigorará até ao final do ano”, explicou João Matos Fernandes.

Na sala do Senado, na Assembleia da República, o ministro utilizou o exemplo de todos os deputados estarem a usar máscaras descartáveis: “Sabem onde é que vão acabar? A resposta é óbvia”.

“Estejamos cientes que o verdadeiro problema se mantém, se a nossa forma de consumir e de produzir se mantiver. Os aterros são o que são, as imagens não são bonitas e os seus impactos muito perturbadores, mas é a realidade. Por isso, se não mudarmos o nosso comportamento, tudo ficará na mesma”, declarou o governante, defendendo que é preciso “agir o mais rapidamente a montante”, prevendo medidas que impactem na forma de produzir, comprar, utilizar e descartar.

No âmbito da pandemia da COVID-19, existe um receio do que pode vir a ser a nova utilização do descartável, pelo que é necessário encontrar “uma boa solução”, indicou João Matos Fernandes, apelando à inibição do uso de produtos descartáveis.

“Uma parte enorme desse descartável vai acabar em aterro”, alertou o ministro do Ambiente, acrescentando que, apesar da boa intenção, “não faz qualquer sentido” o uso de toalhas descartáveis em barbearias e cabeleireiros, assim como louça e talhares descartáveis na restauração.