“Que as medidas de restrição que o Governo venha a implementar sejam baseadas na evidência científica e comunicadas à população de forma coerente e que a população perceba. Achamos que tem faltado muito coerência das medidas e correta comunicação do risco às populações”, afirmou Catarina Martins, à saída da audiência com o Presidente da República, no Palácio de Belém, Lisboa.

A líder bloquista acusou o Governo de “querer fazer tudo pelos mínimos”, mas alertou que “esta crise não é mínima, é máxima”.

“É uma crise pandémica grave. É tempo de o Governo se deixar de medidas mínimas e ter medidas robustas capazes de apoio económico e social que tempere as restrições pedidas às populações”, defendeu.

Catarina Martins foi acompanhada pelo líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, na audiência pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, que está a ouvir os nove partidos com assento parlamentar desde terça-feira sobre a pandemia de covid-19, o estado de emergência e o Orçamento do Estado para 2021.

“O BE decidirá o seu voto na análise do decreto (de eventual prorrogação do estado de emergência), o texto do decreto, como temos feito sempre, ainda que seja certo que compreendemos ser necessário medidas porque temos de preservar a capacidade de resposta à saúde e o direito da população à saúde”, declarou.

Para a coordenadora do BE, “[as medidas de contenção da pandemia] exigem seguramente medidas de apoio económico e social”.

“Vamos já no nono mês de crise, há setores económicos em rutura, muita gente em enormes dificuldades”, descreveu.

A líder bloquista referiu-se ainda ao setor privado da saúde, lamentando que o executivo de António Costa não tenha agido como se impunha.

“Aquilo que vemos é que não tem acontecido nenhuma alteração nessa área, mantendo-se uma fragilização do Serviço Nacional de Saúde, com os seus profissionais com muitos milhões de horas extraordinárias, muito cansados. Por outro lado, o Governo está a gastar milhares de milhões de euros em pagamentos a privados e esses preços não têm sido revistos. Não tem nenhum sentido que haja quem esteja a lucrar com a crise”, disse.