De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão regulador brasileiro, cerca de 800 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus, que causa a doença covid-19, foram confirmados nos últimos nove dias nos cinco navios que estavam em operação no país sul-americano.

Um deles é o Preziosa, que, com 25 tripulantes e oito passageiros infetados, num total de 2.500 passageiros, voltou ontem ao Rio de Janeiro antes da data estipulada, já que havia planeado mais duas escalas nos portos de Maceió (Alagoas) e Salvador (Bahia), dois estados do nordeste do país, antes do desembarque na “cidade maravilhosa”.

Devido aos altos índices de contágio, as empresas de cruzeiros no Brasil decidiram suspender elas mesmas as suas operações, a partir desta segunda-feira, até 21 de janeiro, após o Ministério da Saúde não ter tomado providências a respeito, apesar dos reiterados avisos da Anvisa.

A temporada de cruzeiros no Brasil – que começou em novembro de 2021 e vai até abril de 2022 – esperava mobilizar mais de 360.000 passageiros ao longo das costas do gigante país sul-americano e poderá agora acumular perdas de cerca de 45 milhões de reais (6,97 milhões de euros), de acordo com os especialistas.

Ontem, depois de ter deixado um hospital de São Paulo onde foi internado por obstrução intestinal, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, criticou a Anvisa pela suspensão da temporada de cruzeiros.

Apesar das quase 620 mil mortes que a pandemia deixou no país e das mais de 22,3 milhões de infeções, o Presidente brasileiro, que nega a gravidade do vírus, considera que a economia do país não pode ser travada por uma “gripezinha” – como já classificou a covid-19 por diversas vezes – e pediu ao regulador “bom senso” antes de fazer as suas recomendações.

“O mundo todo está de olho em nós. Não é porque somos bonzinhos não, é porque nós temos muito a oferecer. O Brasil é uma potência no agronegócio, é uma potência mineral, é uma potência no turismo. Lamento a decisão que tivemos agora, não pelo meu Governo, pela Anvisa, em relação aos cruzeiros. O Brasil é uma potência”, disse o chefe de Estado.

O Brasil é o segundo país do mundo com o maior número de mortes por covid-19, depois dos Estados Unidos, e o terceiro em número de infeções, atrás dos norte-americanos e da Índia.

A covid-19 provocou 5.456.207 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.