"Não vejo que a situação atual da pandemia de COVID-19 nos dois países justifique o encerramento de fronteiras. Há um aumento do número de casos de infeção nos dois países, mas não está a pôr em risco os hospitais, nem as Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Por outro lado, também não está a registar-se um aumento do número de mortes como aconteceu durante o período de confinamento, quando foram repostas as fronteiras", afirmou o responsável.

Ontem, Espanha contabilizou 11.193 novos casos de COVID-19, um terço dos quais em Madrid, elevando para 614.360 o número total de infetados até agora, segundo números divulgados pelo Ministério da Saúde espanhol. Trata-se de um aumento exponencial face aos números registados em junho, quando o número de novos casos diários esteve quase sempre abaixo das quatro centenas.

Em declarações à agência Lusa, a propósito de uma eventual nova limitação à mobilidade entre os dois países, no âmbito da avaliação à evolução da COVID-19 que os governos dos dois países vão fazer nos próximos dias, o secretário-geral da associação transfronteiriça explicou que a evolução da doença na Galiza "está a ser vivida com normalidade" e adiantou "não estar em cima da mesa novo confinamento".

"Tanto quanto sei, em Portugal esse cenário também não está em cima da mesa. A subida do número de casos da doença está relacionada com o período de férias, mas a situação sanitária está longe de ser aquela que motivou o confinamento em março", reforçou.

Xoan Mao defendeu a necessidade de "serem reforçadas as medidas de prevenção da doença".

"Há que reforçar e muito as medidas de prevenção, que foram um pouco esquecidas durante o período de férias, mas não vejo motivos para novo encerramento das fronteiras. Se isso acontecesse seria um autêntico desastre financeiro", reforçou.

Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou que vai abordar a evolução da pandemia de COVID-19 em Portugal e Espanha com a homóloga espanhola na sexta-feira, destacando o trabalho "de forma muito coordenada" entre os dois países.

"Eu terei o prazer de receber a minha colega espanhola [Arancha González Laya] na próxima sexta-feira, dia 18. Teremos depois a cimeira bilateral entre os dois países, no dia 02 de outubro, e, naturalmente, essas são oportunidades para nós trocarmos informação sobre o modo como estamos a acompanhar a evolução da pandemia e das medidas que todos estamos a tomar para combatê-la", disse à Lusa Augusto Santos Silva.

O ministro dos Negócios Estrangeiros acrescentou que tem havido um trabalho "de forma muito coordenada com as autoridades espanholas", exemplificando que a fronteira entre Portugal e Espanha esteve encerrada, entre 16 de março e 30 de junho, "por decisão conjunta dos dois Estados".

Questionado sobre a necessidade de uma eventual nova limitação à mobilidade entre os dois países, depois de as autoridades espanholas terem anunciado, na segunda-feira, 27.404 novos casos desde sexta-feira, Augusto Santos Silva sublinhou que as decisões recaem sobre os ministros da Administração Interna de Portugal e do Interior de Espanha.

A pandemia de COVID-19 já provocou pelo menos 936.095 mortos e mais de 29,6 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.878 pessoas dos 65.626 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.