O apelo, traduzido num vídeo de pouco mais de um minuto, começa com a imagem de uma ambulância e o texto vai passando de boca em boca entre médicos, enfermeiros e auxiliares de ação médica, deixando o exterior do hospital até chegar às salas de cirurgia.

Garantem: "Estamos todos motivados para vos ajudar nesta luta contra esta pandemia. Mas para isso precisamos que nos protejam". E por isso pedem: "Doações de máscaras, batas, fatos completos, ósculos e viseiras". Porque, acrescentam, "se os soldados da linha da frente" não estiverem protegidos "vamos cair todos".

"Precisamos da ajuda de cada um de vocês. Doe o que puder. E por favor fique em casa. Agradecemos o vosso apoio! Obrigado por acreditarem em nós? Prometemos dar o nosso melhor! E? Fique em casa!" - termina o vídeo que está a ser partilhado por profissionais de saúde, comunidade e foi publicado na página de Facebook do conselho de administração do CHVNG/E.

Rafaela Veríssimo, médica de medicina interna, foi uma das profissionais de saúde de Gaia, distrito do Porto, que promoveu a ideia a par de colegas de especialidades como ortopedia ou anestesia.

Em declarações à agência Lusa, contou que as doações espontâneas de materiais de proteção individual começam a surgir e que a iniciativa está conciliada com o conselho de administração do CHVNG/E, fala em "défice grande de material" e da necessidade de "explicar à população que os profissionais de saúde pedem ajuda porque precisam de condições para continuarem a ajudar os doentes em segurança".

"E já sentimos que a mensagem está a passar. Soube que várias fábricas estão a tentar redirecionar a sua produção para fazerem batas e máscaras, entre outros materiais. Já recebemos doações de luvas e a comunidade tem dado mostras de solidariedade incríveis", disse a médica à Lusa.

Comovida, Rafaela Veríssimo contou que uma grande cadeia internacional de comida rápida está a oferecer refeições aos profissionais de Gaia e que têm chegado ao hospital cabazes de fruta, tabuleiros de bolos, sacos de pão, bem como paletes de água e sumos, entre outros bens alimentares.

"As pessoas procuram dar-nos conforto para continuarmos esta luta, para continuarmos a atender os doentes e a tratá-los", descreveu.

Já questionado pela Lusa, o conselho de administração do CHVNG/E apontou, sem adiantar números sobre o 'stock' existente nem estimativas sobre necessidades futuras, que "este pedido é essencialmente uma forma de antecipar as dificuldades que se avizinham, dada a fraca resposta dos mercados".

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 5.476 mortos em 59.138 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.

Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral de Saúde.

Dos infetados, 201 estão internados, 47 dos quais em unidades de cuidados intensivos.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.

Além disso, o Governo declarou na terça-feira o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

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