O projeto, que está a ser desenvolvido por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do CINTESIS, é coordenado por Ricardo Cruz Correia e surge no âmbito da linha de financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia RESEARCH 4 COVID19, tendo sido contemplado com quase 30.000 euros.

“É essencial que os hospitais estejam preparados para agirem proativamente, por antecipação, perante a COVID-19”, alerta o especialista, em comunicado.

O objetivo do projeto é criar uma escala que permita determinar o risco de infeção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), responsável pela atual pandemia. Entre os parâmetros utilizados para avaliação do risco estão o número de infetados, a gravidade dos casos e o número de profissionais de saúde.

A aplicação desta escala permitirá calcular o nível de risco a cada momento, reorientar as equipas e adequar a capacidade e a oferta do hospital, num curto espaço de tempo, garantindo a segurança e a qualidade dos cuidados prestados.

“Para cada nível da escala de risco COVID-19 há um plano de contingência que transforma a capacidade e disposição da oferta hospitalar, adaptando-as para a gestão de casos da pandemia”, esclarece o coordenador do projeto.

A escolha do Hospital de Ovar para “caso-piloto” prende-se com a existência de uma colaboração prévia e com o impacto da pandemia neste concelho, que esteve um mês em estado de calamidade pública e em cerca sanitária.

Os resultados obtidos têm potencial de replicação a todos os hospitais do SNS e a nível internacional, com impactos esperados na preparação das instituições, na qualidade do serviço, na redução do ‘burnout’ dos profissionais de saúde e na produção de conhecimento científico nesta área.

O projeto tem como parceiros o Hospital Dr. Francisco Zagalo, em Ovar, e a Winning Consulting.

A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que no dia seguinte ficou sujeito a cerco sanitário com controlo de entradas e saídas no concelho, e encerramento de toda a atividade empresarial que não envolvesse bens de primeira necessidade. O cordão sanitário foi levantado um mês depois.

Portugal contabiliza 1.105 mortos associados à covid-19 em 26.715 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado na quinta-feira.

Relativamente ao dia anterior, há mais 16 mortos (+1,4%) e mais 533 casos de infeção (+2%).

Das pessoas infetadas, 874 estão hospitalizadas, das quais 135 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados passou de 2.076 para 2.258.

Portugal entrou domingo em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.