A análise foi feita por André Peralta, da Direção-Geral da Saúde, numa reunião no Infarmed, em Lisboa, na sessão de apresentação sobre a “Situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal”, que foi iniciada pela ministra da Saúde, Marta Temido.

André Peralta fez uma retrospetiva desde a última reunião do Infarmed quando que Portugal estava com “uma situação epidemiológica com uma tendência decrescente, com um pico por volta da terceira semana de novembro, fruto das medidas implementadas.

“Essa tendência manteve-se decrescente até muito próximo do Natal, baixando a uma incidência muito próxima dos 480, até com alguns dias inferiores a este valor, e atualmente estamos com uma trajetória fortemente crescente, atingindo já o máximo histórico da incidência cumulativa a 14 dias por 100 mil habitantes”.

Analisando a dispersão da incidência no país, o que se observa é “um agravamento generalizado da situação epidemiológica, com áreas com incidência extremamente elevada superior a 960 casos por 100 mil habitantes dispersas um pouco por todo por todo o território, e com grande parte do território com incidências superiores a 480 casos por 100 mil habitantes”, frisou.

Em comparação com “o pico da segunda fase da epidemia é uma situação de maior homogeneidade e de agravamento da incidência”, salientou André Peralta.

Comparando as incidências antes do Natal com a situação atual, observa-se que várias áreas do país mais do que duplicaram a incidência neste período em análise, muitas com um aumento muito acentuado, sendo “raras as áreas do país onde houve um decréscimo da incidência”.

André Peralta adiantou que desde o início do ano há um crescimento em todos os grupos etários.

“A população tradicionalmente ativa dos 20 aos 60 tem incidências normalmente habitualmente superiores à média nacional, principalmente esta faixa etária dos 20 aos 30 e dos 30 aos 40”, apontou.

“Mais uma vez a faixa etária dos mais de 80 anos, que são naturalmente a população mais frágil, que tem um comportamento muito semelhante à média nacional até ao pico e depois não acompanha o decrescimento que se faz, mantém-se uma estabilização e desde o início do ano acompanha a tendência nacional com um crescimento”, sublinhou.

Colocando a faixa etária mais vulnerável no mapa observa-se que há grandes faixas de incidência extremamente elevada na região por todo o país.

“Vale destacar que a região Centro, com uma grande área com incidência extremamente elevada, e a região Alentejo também” e quando se compara com a situação de novembro havia “uma grande incidência na região Norte e depois as outras regiões com incidências mais baixas”.

Atualmente, disse o investigador, o que se observa “são quase dois grandes grupos: Portugal continental com todas as regiões a subir e com incidências relativamente próximas e as regiões autónomas com uma tendência crescente, mas com incidências bastante inferiores”.

Salientou que o aumento do número de casos “conduz irremediavelmente” ao aumento das hospitalizações, sendo que se observa uma inversão na tendência no início do ano, com o aumento das hospitalizações totais e um aumento dos casos internados em Unidade de Cuidados Intensivos.

“A região Norte apesar de tudo tem uma tendência decrescente das hospitalizações por 100 mil habitantes”, que se tem mantido estável nos últimos dias, enquanto outras regiões mantêm tendências crescentes.

Os óbitos atingiram na segunda-feira “máximos históricos” subindo quase em todas as regiões com “maior expressividade na região na região Alentejo”, disse André Peralta.

Em Portugal, morreram 7.925 pessoas dos 489.293 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.