Os cinco jovens técnicos de emergência pré-hospitalar fazem turnos de 12 horas para assegurar o serviço 24 sobre 24 horas.

A longa jornada de trabalho é passada ao telefone com médicos e no preenchimento de quadros no computador, de fichas em papel e na colocação dos mesmos dados, à mão, com um marcador, num quadro branco como os das salas de aula. Deste modo fica assegurado que a informação não se perde em caso de falha informática.

É para estes técnicos que os médicos ligam, quer estejam nos hospitais, centros de saúde ou lares, em qualquer zona do país. Ligam a pedir ambulâncias para transferir doentes ou a pedir colheitas em doentes suspeitos para detetar se estão infetados com o novo coronavírus.

Até 03 de abril, o INEM realizou 1.810 colheitas e efetuou 895 transportes relacionados com a pandemia de covid-19. Numa manhã, a agência Lusa assistiu a vários pedidos.

Um médico pediu 16 colheitas em utentes de uma unidade de cuidados continuados no concelho de Paredes, na Área Metropolitana do Porto.

Cabe a estes operacionais gerir os meios: acionar a viatura, a equipa de enfermeiros e respetivos ‘kits’ de recolha, neste caso fornecidos pelo Hospital de São João, no Porto, e entrega em laboratório) para que a recolha se concretize. Tudo se resolve ao telefone.

Mais a norte, foi pedida uma colheita a um recluso do estabelecimento prisional de Vila Real. E do Algarve, no sul do país, chegou um pedido para a realização de um teste a um homem de 94 anos que está num lar em São Bartolomeu.

Neste caso, explicaram à Lusa os técnicos, a mesma equipa do Algarve já tinha saído de manhã de Faro para Portimão, onde fez três colheitas, e dali seguiu para São Bartolomeu, concelho de Silves.

O telefone toca sempre ao ouvido do operacional, que usa um auscultador, e só se percebe que há um contacto quando se ouve “sala de situação nacional, bom dia”, tanto para pedidos de colheitas como para os pedidos de transferência de doentes mais graves.

De Odemira, no Alentejo, um médico pede a transferência de um doente de 48 anos, com falta de ar e com febre, da unidade local de saúde para o Hospital de Santiago do Cacém.

Do Porto, o Hospital de São João pede uma transferência para o Hospital de Santo António, na mesma cidade. Trata-se de um doente com a doença covid-19, de 67 anos, que se encontra entubado e ventilado nos cuidados intensivos.

O pedido chegou às 10:50, e tudo terá de estar pronto às 12:00. Sobre as razões do pedido, os técnicos não respondem, apenas dizem que se trata de gerir os cuidados intensivos.

Mas é nestes casos de transferência de doentes graves que do nada alguém soltou: “Calma, respira”.

Para respirar fundo, olhar o céu e a rua os operacionais dispõem nesta sala retangular de uma janela, já que as paredes em redor das três mesas de trabalho estão preenchidas com um ecrã gigante com dados sobre as colheitas feitas pelo INEM e os números do boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde.

Há também um monitor de computador que ocupa uma parte da parede com o mapa do país e as ambulâncias do instituto e televisões que só dão imagem, estão sem som.