Apenas na semana passada, quase dois milhões de casos de covid-19 foram registados no planeta, um recorde, mas o o número de mortes diminuiu 10% em comparação com a semana precedente, de acordo com os dados divulgados esta terça-feira (22), pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Entre 14 e 20 de setembro, a Europa contabilizou 4.000 mortes e foi a região que registou o maior aumento no número de mortes (+27% na comparação com a semana anterior).

Neste contexto, o Reino Unido, país europeu mais enlutado, com quase 42.000 óbitos, anuncia hoje novas restrições em Inglaterra. Entre elas, toque de recolher para bares e restaurantes e retorno ao teletrabalho.

O país elevou para 4 (numa escala até 5) o nível de alerta pela covid-19, contra o nível 3 que era observado desde junho, o que corresponde a um nível de transmissão "elevado, ou aumentado, de maneira exponencial".

Em Espanha, outro país europeu muito afetado pela doença, quase um milhão de habitantes da região de Madrid estão desde segunda-feira em regime de mobilidade restrita para tentar conter a segunda onda do vírus. 

Nos bairros e municípios envolvidos, que ficam na parte sul mais pobre da capital espanhola, os moradores podem sair das suas casas apenas por razões de primeira necessidade, como seguir para o trabalho, ir ao médico ou levar os filhos às escolas.

Nesta terça-feira, o ministro espanhol da Saúde, Salvador Illa, recomendou a todos os moradores de Madrid, e não apenas aos que vivem nas regiões que estão sob restrições de movimento, que limitem os deslocamentos ao "essencial".

"Eu recomendaria aos madrilenos que, nos próximos dias (...), restrinjam ao máximo a mobilidade ao essencial, e os seus contactos, os grupos de pessoas que moram mais próximas", disse Illa à rádio Cadena Ser, antes de destacar que "a situação mais preocupante" do país está em Madrid.

EUA perta das 200.000 mortes

No mundo, a pandemia já provocou mais de 961.500 mortes e mais de 31,1 milhões de contágios desde dezembro de 2019, de acordo com um balanço da AFP, com base em dados oficiais dos países.

A lista de países mais afetados inclui Estados Unidos, com 199.815 vítimas fatais, Brasil (137.272), Índia (87.882) e México (73.493).

A apenas seis semanas da eleição presidencial americana, a maior potência mundial continua a registar quase mil mortes por dia. Isto significa, na proporção da sua população, uma taxa de mortalidade quatro vezes superior à europeia.

Entre as mil mortes diárias, negros e hispânicos estão sobrerrepresentados, já que são 57% dos adultos jovens hospitalizados, e 49% dos falecidos ou entubados, mas são apenas 33% da população dos Estados Unidos, de acordo com um estudo publicado no início de setembro.

Para o candidato democrata Joe Biden, a trágica situação do país simboliza a incompetência do presidente Donald Trump.

Na América Latina, a Argentina registou na segunda-feira 429 mortes por covid-19, um novo recorde diário, que eleva o total de vítimas fatais no país para 13.482.

A Argentina registra o momento mais preocupante da pandemia. O país mantém medidas de confinamento desde 20 de março, mas com uma flexibilização progressiva por regiões.

De acordo com os números da OMS, o continente americano concentra metade dos casos registrados no mundo e 55% das mortes acumuladas desde dezembro. Na semana passada, porém, registrou uma queda de 22% no número de falecimentos, graças a uma redução em países como Colômbia, México, Equador e Bolívia.

A pandemia gera imagens inéditas e desoladoras. Nesta terça-feira, começa a Assembleia Geral das Nações Unidas, com mais discursos de governantes do que nunca, mas todos virtuais e pré-gravados, com a sede da ONU praticamente vazia.

No âmbito médico, continua a corrida de diversos laboratórios para desenvolver uma vacina confiável que consiga conter a pandemia. Mais de 60 países ricos já aderiram ao dispositivo da OMS destinado a facilitar o acesso dos países pobres à imunização