O PS, através da deputada Maria António Almeida Santos, disse que saia da reunião com especialistas no Infarmed, em Lisboa, com “uma esperança diferente”, dado que há “boas notícias”, com uma diminuição de casos, além da “nova esperança de existir agora uma vacina.

Sublinhou que as vacinas que Portugal prevê aplicar são “seguras” e fez um apelo às pessoas para que não tenham medo de ser vacinadas, dado que os “benefícios sobrepõem-se aos riscos da não vacinação”

Pelo PSD, em relação à vacinação, o deputado Ricardo Batista Leite – que começou a sua intervenção por desejar as melhoras à diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, que está infetada com covid-19 – referiu que da reunião “ficou muto claro que ninguém será vacinado antes de janeiro”.

“E ficou muito claro que dificilmente nos primeiros dois trimestres teremos a cobertura suficiente da população para garantir a tal imunidade populacional que garantirá a possibilidade de podermos retomar a nossa vida com a normalidade que conhecíamos antes desta pandemia”, avisou.

Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda (BE), também se referiu aos números, mas fez o aviso de é preciso que o plano vacinal seja “verdadeiramente universal” e “vá ter com as pessoas”, nomeadamente as que vivem em zonas do interior.

O deputado bloquista defendeu ainda que, “não obstante o plano de vacinação”, é preciso manter as medidas de apoio às atividades económicas que “foram muito prejudicadas com a covid-19” desde março.

E pediu que não se esqueçam os portugueses que sofrem de outras doenças, pela necessidade de manter “a atividade programada”, alertando que “há uma enorme vaga de problemas de saúde mental” decorrente dos efeitos da pandemia.

O PCP, pela voz do dirigente Jorge Pires, começou por retirar a conclusão de que “há um decrescimento do número de casos, há uma curva que começa a ser claramente descendente”, mas esse processo “começa a acontecer antes da declaração do estado de emergência”, ao qual os comunistas se opõem.

Sobre a vacinação, o PCP está preocupado com o facto de existir “um número muito significativo de portugueses que ainda tem uma grande desconfiança relativamente à vacinação”, citando os números dados pelos especialistas de que “mais de 50% diz esperar muito para depois tomar a decisão de se vacinar”.

Jorge Pires espera ainda que este processo seja assegurado pelo SNS, evitando assim que “se crie mais uma oportunidade de negócio para os privados”.

António Carlos Monteiro, dirigente do CDS-PP, apontou “sinais de esperança” pelo calendário de vacinação se poder vir iniciar em janeiro, explicando que os princípios deste plano foram enunciados de forma muito genérica na reunião, reiterando os centristas que “a prioridade devem ser os mais vulneráveis”.

Para o partido, fica uma “interrogação sobre o Natal”, explicando que o CDS-PP “gostaria de conhecer as regras que vão ser apresentadas para o Natal antes de se votar o estado de emergência”, o que não é o que está previsto já que a votação acontece no parlamento na sexta-feira e as medidas são anunciadas pelo primeiro-ministro no sábado.

Pelo partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), a deputada Bebiana Cunha também se referiu à descida dos números - “já estamos numa encosta” -, embora considerando que isso não deve levar as pessoas a “baixar os braços”.

E pediu que as medidas a ser adotadas para as festividades de Natal e Ano Novo devem ser “proporcionalidade, clareza e bom senso”, devendo, igualmente, serem explicadas “com clareza” pelo Governo.

Sobre a vacina, afirmou que uma das preocupações do PAN são “os critérios”, tendo a deputada recebido garantias de que poderão alterar-se, mas que “acompanharão a evidência científica”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, saiu da reunião sem falar aos jornalistas, a tempo de chegar ao Palácio de Belém, em Lisboa, para iniciar a ronda de audições com os partidos, que começou com a Iniciativa Liberal, às 14:00.

Por isso, o primeiro a falar aos jornalistas no Infarmed foi o deputado João Cotrim Figueiredo, que considerou que o plano de vacinação, a ser apresentado hoje, “começa mal” por aquilo que já se sabe.

“Começa mal porque exclui as farmácias, os laboratórios, o setor privado da administração de vacinas, numa altura em que vamos ter que administrar vacinas a pelo menos cinco ou seis milhões de portugueses para adquirir imunidade de grupo e sendo que a maior parte das vacinas exige duas doses, estamos a falar de 10 ou 12 milhões de atos médicos simples, mas consumidores de tempo, que não são compatíveis com manter um plano de vacinação exclusivamente no SNS”, criticou, avisando para as listas de espera que se vão criar e que estas “custarão vidas”.

Pelo Chega, o vice-presidente António Tânger Correia criticou que o facto de a pandemia estar “a ser politicamente administrada e não administrada de acordo com os critérios fundamentais da saúde pública”.

“Votámos contra o estado de emergência e votaremos sempre e estaremos contra este tipo de medidas porque consideramos que não são medidas adequadas à situação de pandemia que nós vivemos”, disse, referindo-se às medidas adotadas, de confinamento a tempo parcial.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.495.205 mortos resultantes de mais de 64,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 4.724 pessoas dos 307.618 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.