“Hoje a quarentena não é obrigatória na Madeira, ao contrário do que muitas pessoas ainda pensam”, afirmou Eduardo Jesus em entrevista à agência Lusa.

O governante madeirense salientou, por outro lado, que a região tem “uma quarentena para as pessoas que não fizeram o teste nas últimas 72 horas”.

“Quem vier para a Madeira e fizer o teste 72 horas antes não fica confinado num hotel, vai para o seu destino e faz o recato que tem de fazer”, acrescentou.

Por isso, “a obrigação de ficar num hotel já não é efetiva para toda a gente que desembarca na Madeira”, sublinhou o responsável insular.

Eduardo Jesus destacou que esta é uma prática que “começa a ser recorrente no mundo: quem viaja com teste feito nas últimas 72 horas, que seja um PCR [aquele que diz se está positivo ou negativo], não o serológico [que atesta se tem anticorpos], já dá uma garantia”.

Se houver contaminação no destino, a situação é controlada, sendo preciso efetuar o “rastreio da pessoa e acompanhá-la no território”.

“Esta é uma nova realidade, não podemos de forma alguma ignorar que tem consequências e temos de saber lidar com elas”, vincou.

O elemento do executivo madeirense salientou que “a Madeira deu um passo muito importante quando retirou a quarentena entre as ilhas [Madeira e Porto Santo]”.

“Passamos a ser o primeiro território nacional onde a circulação entre espaços físicos diferentes se dá sem qualquer controlo, porque não há contaminação ativa no Porto Santo, não há na Madeira, não há novos casos nos dois sítios há muitos dias. Há confiança e as a pessoas podem viajar sem serem controladas e sujeitas a quarentena”, argumentou.

Eduardo Jesus reforçou que, no caso de “haver mais um território com o qual se possa estabelecer esta lógica”, a Madeira está “pronta para abrir e lidar com as pessoas desta forma”.

No caso de “não existir o mesmo grau de confiança, colocam-se determinadas medidas”, nomeadamente o teste PCR efetuado nas últimas 72 horas, que “já é a forma de evitar a quarentena à chegada a Madeira”.

O secretário madeirense recordou que a 13 de maio a Comissão Europeia determinou que “a reabertura deve ser feita atendendo ao estado epidemiológico de cada região”.

Na opinião do responsável insular, a CE “quer pintar a Europa às cores, dá o verde a uma região como a Madeira”, atribuindo a mesma cor a estados como “a Bulgária, a Croácia, Grécia, Áustria, Finlândia, que são territórios que entre si têm “o grau de exigência é mais baixo, porque não há contaminação ativa, há medidas implementadas”.

A situação já é mais complicada entre regiões com situações diferentes, como a Inglaterra, que “tem uma contaminação ativa sempre a subir, centenas de mortes”, exigindo “medidas diferentes”.

“É isso que a Europa desafia. Ao mesmo tempo coloca a exigência da não discriminação, o que é uma coisa um bocado impossível. Não se vai aplicar as mesmas medidas a um território que nos dá confiança e a um que não nos transmite essa confiança”, sublinhou.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 300 mil mortos e infetou mais de 4,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,6 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.218 pessoas das 29.036 confirmadas como infetadas, e há 4.636 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A Madeira continuava no domingo sem novos casos de covid-19, mantendo há 11 dias as mesmas 90 situações reportadas, 59 das quais estão dadas como recuperadas e 31 ativas, e nenhum óbito, segundo a autoridade de saúde da região.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num “grande confinamento” que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.