"É de lamentar que o Ministério da Saúde não permita que os médicos que vão fazer as suas provas em junho vejam o título reconhecido desde abril, altura em que teriam terminado o seu percurso, interrompido pela pandemia", lê-se numa nota de imprensa hoje divulgada pela Ordem dos Médicos (OM).

Ainda assim, a OM aplaudiu a medida que vai permitir reagendar as provas de avaliação final do Internato Médico ainda durante o mês de junho, "reforçando-se o sistema de saúde com mais médicos especialistas, bem como a retoma dos concursos que vão permitir a progressão na carreira médica".

A entidade realçou que já tinha alertado o Secretário de Estado da Saúde para o impacto negativo que a manutenção do congelamento dos exames e concursos médicos representa para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), que foi "na sequência" desse aviso que "o Ministério da Saúde decidiu reverter esta decisão".

Na mesma nota de imprensa, o bastonário da OM, Miguel Guimarães, sublinhou que "a pandemia obrigou a reajustamentos a todos os níveis e em todos os setores da sociedade", pelo que a Ordem não tinha "a expectativa de que as provas finais do internato ou que os concursos fossem uma exceção".

"No entanto, manifestámos que seria desejável e urgente que, de forma estruturada e organizada, fossem retomados em segurança alguns procedimentos essenciais para o futuro do SNS e para os cuidados de qualidade aos nossos doentes", adiantou.

Paralelamente, e tal como a OM reivindicou, foi estipulada a retoma do normal desenvolvimento dos procedimentos concursais para assistente graduado sénior, para habilitação ao grau de consultor da carreira médica, bem como todos os demais que se encontrem em fase de aplicação de métodos de seleção que impliquem a presença dos candidatos.

"Estes são passos fundamentais para que nos próximos anos o SNS continue a contar com o capital humano que tem permitido contar a história de sucesso que conhecemos. Não era aceitável, e muito menos justo, que os médicos que estão na linha da frente de combate à covid-19, ou a garantir também os outros cuidados de saúde que não podem parar, vissem ainda mais um direito congelado, num SNS que lhes tem vindo a proporcionar condições de trabalho cada vez menos atrativas", realçou Miguel Guimarães.

Ainda assim, o bastonário manifestou a sua "perplexidade por, numa altura destas, em que os médicos voltaram a provar um enorme espírito de entrega e sacrifício pelos doentes, o Ministério os prejudicar não reconhecendo retroativamente a especialidade a abril".

Na terça-feira, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, anunciou que as provas de avaliação do internato médico, que foram suspensas em 18 de março devido à pandemia de covid-19, vão ser reatadas a partir de 08 de junho.

Em Portugal já morreram 1.089 pessoas das 26.182 confirmadas como infetadas com o novo coronavírus, e há 2.076 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).