"A DGS está a preparar uma alteração muito significativa. A vacina estava limitada a pessoas acima dos 50 anos e o que os novos dados trouxeram é que o risco, apesar de muito baixo - um em um milhão -, estava essencialmente concentrado no sexo feminino abaixo dos 50 anos. O que se vai fazer é tirar essa limitação ao sexo masculino", afirmou Henrique Gouveia e Melo.

O coordenador da ‘Task Force', que adiantou esta novidade no final da sua participação no Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, que decorre em Coimbra, disse que ao ser retirada essa limitação, é aberta a "possibilidade de dar a vacina ainda a um bom milhão ou milhão e meio de portugueses".

Questionado pela agência Lusa, Henrique Gouveia e Melo referiu que as decisões deverão estar operacionalizadas dentro de "uma semana e meia", pelo que vão a tempo, por ainda estar a decorrer a vacinação da população acima dos 50 anos e que não é afetada por essa limitação.

De acordo com o responsável, o ritmo de vacinação "está só dependente das vacinas que chegam a Portugal", tendo neste momento capacidade de vacinar 100 mil pessoas por dias.

Caso seja necessário e com mais horas de trabalho diárias, o país poderá ter capacidade de vacinar 120 a 140 mil pessoas por dia, referiu.

"Conseguimos vacinar 100 mil portugueses com seis horas de trabalho diárias nestes centros de vacinação. Se aumentarmos para 10 horas diárias, aumentamos o ritmo", esclareceu.

Durante o Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, Gouveia e Melo realçou que o combate à pandemia tem que ser encarado como uma guerra, notando que já houve mais óbitos provocados pela covid-19 em Portugal do que os soldados portugueses que morreram durante os 13 anos de Guerra Colonial.

Na sua intervenção, o coordenador da ‘Task Force' chamou ainda a atenção para o egoísmo, realçando a necessidade de os países ricos apoiarem a vacinação dos países mais pobres.

"Se os países ricos não vacinarem e não ajudarem os países pobres, o efeito ‘boomerang' pode voltar a atingir os países ricos. Temos que fazer isso o mais rapidamente possível", defendeu.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.681.985 mortos no mundo, resultantes de mais de 171 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 17.025 pessoas dos 849.538 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.