Vítor Veloso, oncologista e dirigente da Liga Portuguesa contra o Cancro (LPCC), informa que os medicamentos Lenalidomida e Talidomida - que são tratamentos de "primeira linha" no mieloma múltiplo - não foram comprados pelos hospitais Santa Maria e Pulido Valente, ambos em Lisboa, por problemas financeiros, impendindo que doentes com doença oncológica fossem tratados com estes fármacos eficazes.

"Há a medicação clássica ou os transplantes de medula, mas numa fase mais avançada estes dois medicamentos são essenciais para que exista uma sobrevivência bastante grande e sobretudo uma qualidade de vida boa dos doentes durante os anos que vivem", refere o especialista à TSF que avança hoje a notícia.

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O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (CHLN) tem fundos negativos de 54,6 milhões de euros, o que à luz da Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso o impede de avançar com a compra de novos fármacos por não ter verba disponível para os pagar em três meses.

Hospital nega

No entanto, àquela rádio, fonte hospitalar adiantou que "os doentes seguidos têm e sempre tiveram acesso aos fármacos em causa".

O CHLN sublinha que nunca existiu qualquer limitação na disponibilização destes medicamentos, "garantindo aos seus utentes toda a segurança e os tratamentos mais adequados".

O mieloma múltiplo é uma doença oncológica com origem nos plasmócitos da medula óssea, que se não for tratado pode metastizar para várias partes do corpo.

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Além do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, também o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro viu, na mesma altura, pelas mesmas razões, um contrato recusado, adianta Vítor Veloso da LPCC.

Neste caso, dívidas acumuladas impediram a contratação de serviços para limpar roupa hospitalar.

Cancro é a segunda principal causa de morte

Os tumores malignos são a segunda principal causa de morte em Portugal, depois das doenças do aparelho circulatório.

Anualmente este tipo de doenças oncológicas provocam mais de 25 mil óbitos, o que corresponde a cerca de um quarto do total da mortalidade nacional.