O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, apresentou as medidas depois de uma reunião do Conselho de Ministros, no quadro do estado de alerta decretado durante quinze dias no país, o segundo mais afetado na Europa pela epidemia, com mais de 5.700 casos.

O chefe do Governo espanhol assegurou que as medidas para enfrentar o novo coronavírus “são drásticas e terão consequências”, garantindo que ao executivo não irá “tremer a mão na luta contra o vírus”.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

"A proibição de circular nas ruas (...) é obrigatória a partir de hoje", disse Pedro Sánchez Sanchez, acrescentando que os espanhóis poderão sair de casa para "trabalhar", "comprar pão", ir à farmácia ou aos centros de saúde, mas "não para ir jantar em casa de um amigo".

O primeiro-ministro socialista também afirmou que todos os estabelecimentos comerciais que não vendessem de produtos de primeira necessidade estariam fechados em todo o país - isto inclui restaurantes, bares, hotéis, escolas e universidades -, uma medida que já tinha sido tomada em várias regiões, como Madrid, a comunidade autónoma mais afetada pela pandemia, com quase 3.000 casos.

A Espanha segue o exemplo da Itália que já implementou restrições semelhantes à circulação de pessoas, depois de não ter conseguido conter a pandemia.

"A partir de agora entramos numa nova fase", afirmou Sánchez: "Não hesitaremos em fazer o que temos de fazer para vencer o vírus. Estamos a pôr a saúde [das pessoas] em primeiro lugar”, disse.

O chefe do Governo espanhol sublinhou que todas as forças policiais do país, incluindo as que são da responsabilidade das autoridades regionais, passam a estar debaixo das ordens do ministro do Interior (Administração Interna) e que as Forças Armadas estão prontas para intervir em caso de necessidade.

"A qualquer momento, quando for necessário, podemos contar com o destacamento das Forças Armadas. O exército está pronto", disse Pedro Sánchez.

O estado de alerta também dá ao governo o poder de assumir o controlo de hospitais privados para reforçar o serviço público de saúde que está a ser sujeito a uma enorme pressão em Madrid e noutras regiões.

A pressão sobre o sistema sanitário de Madrid levou as autoridades regionais a desenharem um plano para converter hotéis em enfermarias temporárias para cuidar os doentes menos graves e assim libertar espaços em áreas sobrecarregadas dos hospitais públicos.

De acordo com a atualização feita pelas autoridades sanitárias, há 5.753 de pessoas infetadas pelo novo coronavírus, metade dos quais em Madrid, desde que o primeiro caso foi detetado no final de janeiro, o que representa mais 1.500 pessoas nas últimas 24 horas.

Sánchez indicou esta sexta-feira que o número de pessoas infetadas pelo Covid-19 podia chegar a 10.000 nos próximos dias.

"Vamos ganhar esta batalha. O importante é que o preço a pagar seja o mais baixo possível, as vidas que podemos salvar, as infeções e os dias de doença que podemos evitar", disse Pedro Sánchez.

A oposição e alguns Governos regionais têm criticado o executivo central pela lentidão na tomada de decisões, principalmente em Madrid e na Catalunha, regiões que, a par do País Basco, são as mais atingidas pelo surto do coronavírus.