A maior parte dos jornais aborda hoje a questão da eutanásia, proibida em Espanha, depois de as principais televisões terem mostrado na quinta-feira à noite imagens da mulher, de 61 anos, doente e a sofrer há 30 anos de esclerose múltipla.

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A polícia anunciou na quinta-feira que o marido, Angel Hernández, tinha sido detido no dia anterior, após a morte da mulher em casa, em Madrid.

Segundo um porta-voz das forças de segurança, o homem não escondeu "que a sua mulher era uma doente terminal e que lhe tinha administrado uma substância para provocar a morte, a fim de que ela não sofresse mais".

O homem, de 69 anos, reconheceu ter ajudado a mulher a morrer perante um juiz, que o deixou em liberdade e decidiu a continuação da investigação sobre o alegado delito de suicídio com ajuda.

Um vídeo gravado antes da morte, que passa desde quinta-feira em vários meios de comunicação, mostra o marido a perguntar à mulher se pretende morrer, ao que esta responde que "sim", acrescentando "quanto antes, melhor".

Este caso voltou a abrir o debate político em Espanha sobre a falta de regulamentação da eutanásia, a uma semana do início oficial da campanha para as eleições legislativas de 28 de abril próximo.

O candidato do PSOE (Partido Socialista) e primeiro-ministro do atual Governo minoritário, Pedro Sánchez, prometeu "reconhecer o direito à eutanásia" se ganhar as eleições.

Os socialistas apresentaram em junho último, acabados de chegar ao poder, uma proposta de lei para regular a eutanásia, com o apoio do Podemos (extrema-esquerda), e acusam agora o Partido Popular (PP, direita) e Cidadãos (direita liberal) de terem bloqueado esse projeto.

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O líder do Cidadãos, Albert Ribera, afirmou que, se conseguir ser chefe do Governo, irá avançar com uma lei sobre a eutanásia, numa referência a este caso.

Por seu lado, o Partido Popular opõe-se a que a eutanásia seja regulada, tendo o líder deste partido, quando se opôs à proposta socialista em outubro passado, afirmado que "esse problema não existe na Espanha".

Entretanto, em declarações feitas esta manhã, o marido da mulher que morreu afirmou que conseguiu dormir na noite passada em sua casa, depois de ter sido posto em liberdade e de ter prestado declarações à justiça.

O homem assegurou não ter medo e estar muito tranquilo, porque a mulher deixou de sofrer.