“A situação atual relativamente à transmissibilidade do valor do `R´ está, neste momento, em 1.10, mas encontra-se em fase de decréscimo”, estimou o investigador do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença covid-19 e do processo de recuperação económica e social, onde foram ouvidos vários especialistas em saúde pública.

Em resposta aos deputados sobre a situação epidémica em Portugal, o coordenador da Unidade de Investigação Epidemiológica do INSA afirmou que o risco de transmissibilidade é mais elevado na região de Lisboa e Vale do Tejo, com 1.13, e o valor mais baixo é na Região Autónoma dos Açores, com 0,8, abaixo de 1, ou seja, em fase decrescente.

Questionado sobre o que pode acontecer daqui para a frente, o especialista afirmou que “tudo indica que, a continuar este decréscimo da transmissibilidade”, que se possa inverter esta fase de crescimento nas próximas semanas.

Contudo, alertou, isso depende inteiramente das medidas implementadas, mas mais do que isso, da sua efetividade, do seu grau de implementação e da adoção da população das medidas que estão neste momento em vigor.

“Neste momento, é imperativo baixar” a transmissão da doença e o número de casos na população, vincou, justificando que com a incidência que existe atualmente, com o grau de transmissibilidade e com o número de casos que há por dia, “é muito difícil aplicar qualquer outro tipo de medidas menos restritivas para poder de alguma forma combater” a epidemia.

Baltazar Nunes explicou que “a capacidade de identificação dos casos, todas as medidas de proteção, até da população mais idosa, tornam-se cada vez mais difíceis com o crescente número de casos que existe na população”.

Sobre quanto tempo vai durar a epidemia, o investigador disse que é uma pergunta “muito difícil” de responder, mas citou as palavras de Jorge Torgal, especialista de saúde pública, também ouvido na comissão: “É um vírus que vai ter que viver connosco e nós com ele durante muito tempo”.

“Os nossos modelos indicam que é necessário, pelo menos, dois meses de algum confinamento ou de restrição de contactos” para reduzir para menos de 300 os casos de internamento em cuidados intensivos.

“A partir desse momento existem outras medidas que vão começar a ter o seu papel relevante como a vacinação que acreditamos que ao aumentar a cobertura da vacinal, principalmente nas populações mais frágeis, poderá reduzir o impacto da epidemia e mais tarde, quando atingirmos coberturas vacinais mais elevadas, na população geral possamos então reduzir a transmissão civilidade”, declarou Baltazar Nunes, ressalvando que também dependerá da efetividade das vacinas que existem temos neste momento.

Segundo a Direção-Geral da Saúde, já morreram em Portugal 11.886 pessoas dos 698.583 casos de infeção confirmados de covid-19.